BRASIL
Brasileiros presos negam envolvimento com Hezbollah em audiência
Os dois homens presos por suspeita de planejar atos terroristas no Brasil negam ter qualquer tipo de envolvimento com o grupo libanês Hezbollah.
Os suspeitos foram detidos na Operação Trapiche, deflagrada pela Polícia Federal na última quarta-feira (8/11), e passaram por audiências de custódia na quinta (9/11).
Em depoimento à juíza Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Federal de São Paulo, Jean Carlos de Souza, de 38 anos, disse que estava ao lado de um hotel, no centro da capital paulista, quando foi abordado por dois policiais federais e um militar.
Ele negou ter ligação com terroristas e disse que tinha acabado de voltar de uma viagem ao Líbano, onde teria se reunido com empresários para “captar negócios”.
O suspeito afirmou que está aberto a cooperar com a investigação policial, mas reclamou que vem sendo tratado “como um bandido”.
“Se existe a dúvida de se eu vou cooperar, se eu estou no meio de algo que vocês querem [saber], é só me perguntar. Meu celular foi recolhido, ninguém veio pedir a senha. Eu estou sendo tratado igual a um bandido, igual a um terrorista, mas não sou”, disse Jean Carlos.
Ele afirmou que mora em Santa Catarina e costuma ser parado pela Polícia Federal no aeroporto, ao voltar de viagens, mas nunca foi apontado como suspeito de terrorismo.
“Eu viajo bastante, eu tenho inúmeras viagens, já fui parado algumas vezes pela Polícia Federal”, disse. Segundo ele, nas abordagens, os policiais costumam questioná-lo sobre tráfico de drogas, o que ele afirma que nunca foi comprovado.
“Sair de uma acusação de tráfico, em que você vai esclarecer na hora, e me jogar em terrorismo é algo muito sério, muito sério mesmo”, afirmou o suspeito.
Morador do DF
Antes dele, o segundo brasileiro investigado no caso também negou ligação com o Hezbollah em seu depoimento. Lucas Passos Lima, de 35 anos, afirmou que trabalha com a regularização de imóveis e com a venda de grãos. Ele foi preso no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
“Não tem como fazer isso, ter essa direção. Você sair de um lugar, com a idade que tem, para fazer parte de um grupo que está em guerra”, disse Lucas, que mora em Brasília. Durante audiência, ele afirmou que já tinha sido preso há 7 anos por posse ilegal de arma de fogo.
A Justiça manteve a prisão provisória dos dois suspeitos.
Em entrevista ao Metrópoles, o advogado responsável pela defesa de Jean Carlos, Roberto Timóteo da Silva, criticou a Operação Trapiche e disse que seu cliente “nem sabia o que era o Hezbollah”.
“A prisão em si é um completo absurdo, cheia de suposições”, afirmou Roberto. O advogado disse que a operação se baseou apenas na viagem dos dois suspeitos ao Líbano e afirmou que o caso é de “constrangimento internacional”.