Pedro Henrique Moraes, um menino negro e gay, comemorou os seus 15 anos no Copacabana Palace no dia 9 de dezembro. O aniversário do jovem ganhou repersussão nas redes sociais e ele se tornou o primeiro menino a realizar uma festa de 15 anos no espaço.
Quem é Pedro Henrique
Pedro mora na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, e completou 15 anos em setembro, mas a festa foi realizada apenas neste mês de dezembro.
Filho de uma mãe branca criada no Leblon, a pedagoga Viviane Moraes, e um pai preto, da Bahia, o empresário Marcos dos Santos, Pedro é o mais novo entre os três irmãos, todos negros, e estuda em uma escola de elite e internacional no Rio. Ele cresceu em um ambiente majoritariamente branco, mas reconhece os seus privilégios.
“A gente pode estar ali ocupando um espaço e mesmo assim as pessoas podem não me enxergar como igual. Ninguém sabe a dor que é entrar em um restaurante mais chique e sentir como se aquele lugar não fosse para todos”, diz ele ao O Globo, contando que já sofreu racismo de forma “mascarada”.
Ele é extrovertido, mas também tem um lado mais reservado que o ajuda a repor as suas energias, de acordo com sua entrevista ao O Globo. “Eu faço isso criando o meu próprio espaço para cuidar das plantas. Tenho mais de 60. Além disso, tenho cinco cachorros, dois furões, um lago e três aquários. Comecei esses hábitos há uns dois anos e não largo mais”, disse ao jornal.
Descoberta da sexualidade
Em 2020, Pedro se descobriu como um menino gay. Apaixonado pela moda, o jovem contou ao Globo que gosta de transitar entre o feminino e o masculino. Durante o seu processo de autoaceitação, o apoio da família e a descoberta da sexualidade foram muito importantes.
“A moda me ajudou porque me encontrei nas joias e nas bolsas, ditas como femininas. A minha sorte enorme é que eu tenho uma família que é super apoiadora e me deixa ser realmente quem eu sou. Eu tenho espaço para poder dividir as minhas histórias e sou grato demais por ter esse suporte”, contou.
Futuro
Atualmente, Pedro tem dificuldades em se enxergar no mundo em que vive sendo uma pessoa preta, e ainda está se descobrindo como pessoa preta. No entanto, ele já está planejando o seu futuro: o menino pensa em estudar moda na Europa e trabalhar com grandes marcas do mercado. Um outro sonho de Pedro é criar uma ONG para ajudar aqueles que precisam.
“Pessoas como eu têm o privilégio de poder abrir portas para quem não pode. Acho importante mostrar às pessoas que elas podem se enxergar em lugares de possibilidades. Quero ter representatividade”, disse ao Globo.
A festa
O desejo de ser debutante surgiu na festa de 15 anos da irmã Maria Eduarda, atualmente com 20. A festa de Pedro, que contou com a presença de 350 convidados, transmitiu toda a sua autenticidade. “[Ele] queria muito que fosse no Copacabana Palace, pois nenhum lugar no Rio tem mais glamour do que o Copa”, disse a mãe, Viviane, ao UOL.
Pedro dançou com a equipe de ballet do seu professor de dança e, também, com a família. “Em relação à representatividade social, acreditamos ser de grande importância a divulgação de uma festa de 15 anos de um jovem cis, gay e negro, em um lugar tão tradicional. Que esse evento abra espaço para que outras pessoas, que por muitas vezes vivem à margem de uma sociedade assentada no racismo estrutural, no sexismo e classismo, possam celebrar sua existência”, disse Viviane ao site.
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