MUNDO
Tensão na Ásia: veja quais são os países que podem ser atacados por Kim Jong-un
O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, ordenou aos militares, na última quarta-feira (28), que acelerassem os preparativos para a guerra. Neste ano, o país realizou dezenas testes de mísseis balísticos, incluindo o de um modelo que pode cruzar 15 mil quilômetros para atingir um alvo com precisão.
Kim dá diversos indicativos de que pode deixar os treinamentos de lado e usar seu poderoso arsenal contra os países que considera inimigos.
Os Estados Unidos são vistos como uma ameaça pelo governo norte-coreano, e a influência de Washington na região é um fator que faz o ditador deixar seus homens a postos.
EUA
As ameaças aos Estados Unidos são uma constante na dinastia que governa o país mais fechado do mundo há 75 anos. No entanto, sob o comando de Kim Jong-un, o regime aumentou os investimentos em armas, inclusive nucleares, o que fez crescer as tensões na região.
A Casa Branca tem reagido aos lançamentos de mísseis balísticos pela Coreia do Norte com exercícios militares em parceria com países aliados na região.
Resoluções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) proíbem Pyongyang de realizar esse tipo de teste.
Em março deste ano, Washington e Seul realizaram o que foi considerado a maior mobilização dos Exércitos dos dois países desde 2018.
O treinamento incluiu, por exemplo, a simulação de ataques de precisão contra as principais instalações norte-coreanas.
Caças sul-coreanos F-15 e F-16 voaram sobre o mar Amarelo (chamado de mar do Oeste nas duas Coreias).
O bombardeiro americano B-52, que pode carregar uma arma nuclear, também foi deslocado para a região.
Apesar da provável capacidade de atingir um alvo na parte continental do território americano, o regime norte-coreano não precisaria ir tão longe para iniciar uma guerra contra os EUA.
A ilha de Guam, pertencente aos EUA, fica no oceano Pacífico, a cerca de 3.400 km da Coreia do Norte, e abriga uma base militar. Já o estado do Havaí está a 7.500 km de distância.
Coreia do Sul
O armistício entre a Coreia do Sul e a do Norte completou 70 anos em 2023. Os ataques foram suspensos, mas o clima de tensão nunca acabou.
Desde 1954, a relação entre Pyongyang e Seul sempre foi oscilante, com tentativas eventuais de aproximação, seguidas de afastamento das duas partes.
Atualmente, as trocas de ameças e as demonstrações de forças são constates. Pela proximidade e pelo histórico, a Coreia do Sul seria o país com a maior chance de ser alvo das armas de Kim.
Em 2022, o ditador realizou um número recorde de lançamentos, e este ano foi marcado pelo desenvolvimento de um míssil de longo alcance e pelo início da operação de um satélite espião.
A notícia de que a Coreia do Norte faria novos testes de mísseis fez com que os Estados Unidos enviassem um submarino nuclear à Coreia do Sul, em dezembro de 2023, o que gerou uma resposta imediata do regime norte-coreano.
Kim lançou um míssil de curto alcance no próprio dia em que a embarcação chegou. No dia seguinte, testou o míssil intercontinental, com capacidade de atingir qualquer continente, exceto a América do Sul.
O Exército da Coreia do Sul informou que detectou o lançamento de um míssil balístico de longo alcance na região de Pyongyang em 18 de dezembro. O projétil voou quase 1.000 km antes de cair no mar do Japão.
Japão
Também pela proximidade e por suas boas relações com os americanos, o Japão é outro país que se sente ameaçado pelas armas norte-coreanas — menos de 1.000 km de distância separam as duas costas.
Entre as dezenas de mísseis disparados pelo governo de Kim Jong-un, alguns foram considerados uma ameaça pelo governo japonês.
Em abril deste ano, a população do sul país chegou a receber um alerta para buscar abrigo, após um disparo da Coreia do Norte que caiu no mar do Japão.
No teste de 18 de dezembro, o míssil caiu no mar, na ZEE (Zona Econômica Exclusiva) do Japão, segundo as autoridades.
Aliados
Além da Coreia do Sul, a Coreia do Norte faz fronteira terrestre com a China e com a Rússia, duas grandes aliadas.
Agências de inteligência de Seul e Washington dizem que Kim Jong-un obteve o apoio de Vladimir Putin para o lançamento de um satélite espião, em novembro deste ano. Dois meses antes, o ditador havia visitado a Rússia.
São boas também as relações com Pequim. Em 2018 e 2019, os líderes dos dois países se encontraram cinco vezes. A China também é uma importante fornecedora dos mais diversos bens e produtos para a Coreia do Norte.