ENTRETENIMENTO
Yasmin usou procedimento oferecido no SUS para tratar compulsão, revela nutricionista
Desde sua chegada ao Big Brother Brasil 24, Yasmin Brunet vem enfrentando uma série de desafios no confinamento. Nos últimos dias, a modelo revelou que está passando por crises de compulsão alimentar no reality da TV Globo.
Em entrevista ao Terra, a nutricionista de Yasmin, Luna Azevedo, conta que a modelo chegou ao seu consultório antes das gravações da novela “Verdade Secretas”, em meados de 2014 e 2015, por indicações devido ao atendimento especializado em vegetarianos e veganos.
A profissional destaca que as Práticas Integrativas Complementares (PICS) do SUS (Sistema Único de Saúde) – abordagens terapêuticas que têm como objetivo prevenir agravos à saúde – foram empregadas no tratamento de Brunet, com utilização de plantas, óleos essenciais e ervas.
“Dada sua afinidade com terapias alternativas, Yasmin sentiu uma conexão desde a primeira consulta. Realizamos ajustes significativos em sua alimentação, incorporando ferramentas adicionais como Ayurveda, fitoterapia e óleos essenciais”, lembra a especialista.
Luna conta que ao longo do tratamento, observou um aumento da agitação mental e uma ansiedade excessiva e destaca que foram necessários anos de testes com diferentes profissionais até alcançar um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz.
“Dali em diante, fomos aplicando mais as ferramentas da nutrição comportamental e os quadros de compulsão foram realmente reduzindo e ela aceitando melhor o diagnóstico. Em 2017 ela se sentiu preparada para gravar um vídeo falando sobre tudo isso”, relata a nutricionista.
De acordo com a profissional, em 2 anos de tratamento – de 2015 até 2017 – Yasmin já conseguia comer mais devagar, sem tanta ansiedade e culpa. A modelo foi acompanhada pela nutricionista até 2020, quando já apresentava um quadro estável.
Recaída
A pandemia, o divórcio com Evandro Soldati, o casamento com o surfista Gabriel Medina e a mudança para São Paulo, afastou a modelo dos tratamentos nutricionais com Luna. Em 2022, com o fim do relacionamento com Medina e exposições que viveu na internet, a profissional revela que indicou a retomada do tratamento para Yasmin, mas a modelo preferiu esperar mais.
“Mas faz parte também do perfil do paciente a recaída e negação da doença. Ela chegou a ir em algum outro profissional, relatou que estava fazendo uma dieta mais restritiva pro carnaval e não tocou mais no assunto comigo. Mesmo nós sendo super próximas, sempre tentei não misturar os assuntos e deixei ela livre para retomar o tratamento quando quisesse”, afirma Luna.
A especialista explica que um transtorno alimentar precisa de acompanhamento e observação constante, além de que sem o tratamento adequado e com a pressão do confinamento, a doença poderia novamente aparecer.
“O próprio confinamento por si só, além do fato de saber que você está sendo vigiado e julgado, já gera muita ansiedade e abre portas para o comportamento alimentar disfuncional. O fato de ter a ‘xepa’ e o ‘VIP’ com mudanças de alimentos, a mudança do sono pelas dinâmicas do jogo, provas de resistência… Creio que isso está pesando muito para a Yasmin”, discorre Luna.
Luna Azevedo ressalta que os transtornos alimentares são uma doença psiquiátrica, e enfatiza que não podemos minimizar essa condição. Ela destaca que não se trata apenas de um “comer emocional” pontual ou de uma “ansiedade” passageira, sendo algo muito mais profundo e doloroso para quem vive, gerando diversos problemas físicos, sociais e emocionais.
Fumar para não comer
No reality, a modelo chegou a declarar que estava fumando para evitar o consumo de alimentos, após comentários de colegas do confinamento. Luna explica que o cigarro promove alterações metabólicas e interfere no apetite, de modo a inibir a fome. A prática também prejudica a percepção dos sabores pelas papilas gustativas da língua, contribuindo também para a falta de apetite.
“Claramente, a Yasmin está fumando para evitar comer e, logo, engordar, pois mesmo sem saber toda a repercussão que o assunto está tendo aqui fora, ela sabe da enorme pressão estética a qual recai sobre nós mulheres, principalmente”, diz a profissional.
Como evitar gatilhos
A nutricionista explica que respeitar os horários, rotina, necessidades fisiológicas e preferências alimentares, incluindo pratos comfort food (comida afetiva) que geram a sensação de prazer e, portanto, alívio emocional, é crucial para evitar gatilhos de compulsão.
No entanto, nem sempre o indivíduo está pronto para receber um plano alimentar e por isso, o tratamento deve acontecer de forma processual.
“Se eu perceber que ter de seguir um cardápio gerará ansiedade, não prescrevo inicialmente. Nestes casos, vou aplicando meus materiais técnicos e exercícios com o paciente até depois conseguirmos organizar melhor a alimentação em um programa efetivamente”, revela Luna.
Por fim, a nutricionista destaca que é indispensável que se forme uma equipe multidisciplinar nos tratamentos de compulsão alimentar e revela que chega a ter grupos com outros especialistas para acompanhar os resultados dos pacientes em conjunto.
“É uma loucura. Mas só vemos resultados quando estamos todos alinhados e trocando semanalmente sobre o caso. Costumamos fazer reunião de discussão e evolução do paciente, sobre intervenção clínica, medicamentoso ou não. Por isso, tem que ser uma equipe muito preparada e competente”, conclui.