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CIDADES

Cidades brasileiras registraram temperaturas até 5°C mais altas que o normal em 2023

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O Brasil viveu um ano de temperaturas elevadas em 2023. Ao todo, 45 municípios apresentaram anomalias de temperatura iguais ou superiores a 5°C, segundo levantamento realizado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), obtido pelo jornal O Globo.

O estado que mais experimentou o calor intenso foi Minas Gerais: das 20 cidades mais afetadas pelo calor, 18 estão localizadas no Vale do Jequitinhonha, região de Minas. As exceções são Urandi, na Bahia (14º lugar), e a também cidade mineira Confins, em Minas Gerais (17º lugar). Turmalina se destacou como o município com o maior aumento de temperatura, registrando até 5,52°C acima da média das máximas diárias.

A análise do Cemaden, segundo divulgado pelo governo federal, consistiu em avaliar o índice de temperatura padronizado, assim como o simples cálculo de anomalias de temperatura para os 5,7 mil municípios do Brasil.

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Ao todo, 45 municípios apresentaram anomalias de temperatura iguais ou superiores a 5°C, todos localizados em Minas Gerais e Bahia. Dos 38 municípios mineiros, 28 estão situados no Vale do Jequitinhonha, 10 em áreas adjacentes, com apenas Confins fora dessa região. Todos os sete municípios baianos estão contíguos ao vale.

Além disso, 343 municípios registraram anomalias de temperatura entre 4°C e 4,98°C, o que indica condições climáticas extremamente adversas. Geralmente, considera-se que uma onda de calor ocorre quando há três ou mais dias com temperaturas até 5°C acima da média máxima, e, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), entre agosto e novembro de 2023 foram registradas seis ondas de calor.

De acordo com Ana Paula Cunha, pesquisadora em secas e coordenadora substituta de Relações Institucionais do órgão, praticamente todo o território brasileiro, com exceção das regiões extremas do sul do Rio Grande do Sul e de parte do litoral da Bahia, experimentou um aumento de temperatura em 2023. O ano, inclusive, foi um dos períodos mais extremos em décadas de registro de elevação das temperaturas.

Os dados referentes ao início de 2024 ainda estão sendo analisados.

“A tendência de aumento de temperatura é bem clara do Norte do Paraná para cima. Supera até mesmo a prevista pelo IPCC, que concentrava o agravamento do calor no Norte e no Nordeste. Mas Centro-Oeste e partes do Sudeste têm esquentado demais”, destaca.

Detalhes do estudo

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O estudo foi elaborado pela pesquisadora em secas, Ana Paula Cunha, coordenadora substituta de Relações Institucionais, e pelo climatologista Jose Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento. Os dados de temperatura são oriundos da base de dados gerados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e levam em conta informações de superfície combinadas com estimativas de temperatura obtidas por satélite.

As análises compararam os dados de cada mês com a climatologia para o respectivo período, revelando que novembro e dezembro foram os meses mais quentes. Além disso, segundo Ana Paula explicou ao jornal O Globo, os dados de satélite podem subestimar as temperaturas superficiais, o que sugere que o aumento real das temperaturas foi ainda maior.

O climatologista José Marengo ressaltou que outras áreas quentes do Brasil provavelmente também sofreram aumentos significativos de temperatura, mas podem não ter sido tão evidentes devido à falta de estações meteorológicas. O Matopiba e a Amazônia são exemplos dessas regiões, onde o desmatamento e a escassez de dados meteorológicos podem mascarar o aumento real das temperaturas.

De acordo com o Relatório do Clima de 2023 da NOAA, o El Niño pode ter contribuído para o aquecimento anômalo, uma vez que durante anos de El Niño ativo as temperaturas globais tendem a ser mais quentes do que os anos neutros ou de La Niña.

O aumento nas temperaturas tem impacto significativo na saúde humana e ameaça até a agricultura. Isso ocorre porque a seca e o calor agravam um ao outro, de modo que a degradação do solo e da vegetação contribuem para o aumento das temperaturas. O desequilíbrio energético resultante pode levar a uma amplificação do ciclo de calor e seca, afetando diretamente a vida das comunidades locais e a viabilidade da agricultura familiar.

 

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