ENTRETENIMENTO
Luciano Szafir sobre leitura e trauma após covid: ‘Trouxe muitas respostas’
Quem via o ator e modelo Luciano Szafir caminhando e fazendo piadas sobre o cotidiano, durante o congresso de educação Geduc, na última quinta-feira, 4, dificilmente lembraria que há alguns meses ele passou por momentos tão difíceis em sua vida. Covid-19, embolia pulmonar, 90% do pulmão comprometido, perfuração do intestino, uso de bolsa de colostomia e cirurgia de artrose foram alguns obstáculos que ele teve de superar nos últimos dois anos.
Hoje, ele lembra do momento com emoção, e revela o quanto a leitura o ajudou a lidar com as sequelas do trauma. Insônia e pânico foram alguns exemplos do que ficou após o período no hospital.
“O livro me ajudou muito a relaxar. Nessa época, eu lia mais livros ligados a meditação, espiritualidade… Minha família foi chamada três vezes para se despedir de mim no hospital. Está sendo escrito um livro contando as experiências mais fortes que eu tive, que foram complicadíssimas”, conta, em entrevista exclusiva ao Terra.
Na época em que lutava pela própria vida, Szafir chegou a pesar 78 kg. Logo depois, saltou para cerca de 140 kg, por causa da ingestão de corticóide para tratar a embolia.
Há sete meses, ele lembra, estava sobre uma cadeira de rodas, após ser submetido a uma atroplastia total. A cirurgia, realizada em novembro, tinha como objetivo cuidar de uma artrose avançada no quadril.
Em busca de respostas para o que estava passando, encontrou em livros de meditação e espiritualidade, como ‘O Jardim da Emuná’ (Chut Shel Chessed Institutionns), o conforto de que precisava.
“Lá se questiona o porquê do sofrimento de uma criança, a explicação por que uma criança morre, sofre; por que você está assim, por que de repente um cara que só faz o mal tem tudo e por que você não tem… Esse livro me trouxe muitas respostas e me acalmou muito”, acrescenta.
A obra, com a qual já presentou uns 70 amigos, é como uma “caixinha” que recorre quando está meio pra baixo. Aliás, Luciano Szafir desenvolveu com os livros essa relação de escape da realidade.
“Eu me reconheço como um personagem ali do livro. Num dia ruim, que estou mal pra caramba, leio, esqueço, viajo. É bom quando a gente está num momento difícil”, afirma.
Leitor assíduo, quer que brasileiros leiam mais
O hábito da leitura não é recente. Em contato com os livros desde os 3 anos, quando seus pais liam para ele antes de dormir, Luciano Szafir conta que lê em média um livro e meio por semana. Ele também diz com tranquilidade que 80% do seu tempo, atualmente, é dedicado à leitura.
E qualquer livro é livro pra ele, não importa o gênero.
“Se você der uma olhada nos livros que eu tenho, você vai falar: ‘Cara, isso aqui não é da mesma pessoa’. Porque vai ver desde livros de conhecimento profundos, mais técnicos, livros de autoajuda, literatura… Não bate, sabe? MAs eu gosto muito de ler”, explica.
Tanto gosto levou o pai de Sasha, David e Mikael a trabalhar com a distribuição de livros pelo Brasil e fundar o instituto Formando Leitores, do qual é presidente. As iniciativas voltadas à educação começaram em 2017, e o levaram a diversas cidades do Brasil.
Ele lembra que um dos primeiros dados que encontrou sobre o assunto relacionam o crescimento da economia à capacidade de leitura dos cidadãos.
“Quando percebi isso, e eu sei da situação do nosso País, comecei a trabalhar na distribuidora de livros e ter contato com o Brasil inteiro. À medida que eu viajava o Brasil, via a diferença entre uma escola no Norte, Nordeste, Sudeste…”, lembra.
Com o instituto, a ideia é levar os livros e projetos educacionais onde eles não chegam. O empresário acredita que, facilitando o acesso às crianças e jovens, pode viralizar o hábito de leitura também entre adultos.
“O Brasil é um país enorme, em que a maioria das pessoas que estudam em escola pública tem situação financeira desprivilegiada. Você chega na casa dessas pessoas, só tem uma Bíblia — o que é um livro maravilhoso, o mais antigo do mundo, mas para criança, que precisa de um apelo, desenho, história, não tem”, avalia.
Outro objetivo do instituto Formando Leitores é aumentar a variedade de obras para quem tem necessidades especiais, como pessoas autistas e com algum tipo de deficiência.
“A gente está procurando caminhar por esses dados, e projetos educacionais que sejam muito bons e estão espalhados pelo mundo. Temos equipe de pedagogos muito boa”, acrescenta.
É possível ler mais
Dedicado à leitura, Luciano Szafir ainda conta que frequentemente seus amigos pedem dicas para que passem a ler mais. Além de técnicas para aumentar a velocidade e ‘devorar’ cada vez mais livros, o empresário, ator e modelo tem uma dica preciosa para quem quer adotar esse hábito: escolher um assunto de que goste.
A segunda dica é estabelecer uma meta diária de leitura, como dez páginas, por exemplo.
“‘Ah, cheguei cansado’, não importa. Cinco minutos de leitura eu posso ler”, afirma.
E isso funciona. Com os filhos David e Mikael, de 10 e 8 anos, respectivamente (embora Mika seja maior, conforme reforçou Szafir durante a entrevista), já incluíram a leitura em seu ritual de antes de dormir.
“Quando meus pais liam pra mim, eu odiava no início. Aí, daqui a pouco, eu comecei a ficar mais interessado. A grande sacada é procurar algo que eles gostam. Não quero impor, não quero que eles vivam a minha vida neles”, destaca.