POLÍCIA
Sobrinha de mulher morta por se recusar a fazer almoço diz que suspeito debochou de crime: ‘Face era de pessoa sem alma’

Ainda sem acreditar na morte da tia, a sobrinha de Clarice Marciano da Silva, de 50 anos, afirma que Reginaldo Martins da Silva, de 53 anos, marido da vítima e o principal suspeito, debochou da família quando ela e dois tios foram até o sítio onde o casal vivia, em Santo Antônio da Alegria (SP), quando ficaram sabendo do crime.
“Ele debochava. No momento que eu estava fazendo a ressuscitação, ele falava ‘faz boca a boca nela’, só que com uma voz de deboche e muito neutro, sem reação nenhuma. A face dele era de uma pessoa sem alma”, diz a jovem.
Clarice foi morta na quarta-feira (1º), por volta das 16h. À polícia, Reginaldo confessou o assassinato e disse que foi motivado por uma discussão após a mulher se recusar a preparar o almoço. Ele está preso preventivamente.
“Eu não esperava. Na hora que a gente recebeu a notícia, foi eu e mais um tio [até o sítio do casal]. Falei ‘a gente vai chegar lá, vai estar tudo bem, vai tirar ela de lá’. [Da porta da casa] ele acenava como se nada tivesse acontecido. Na hora que a gente chegou, fomos os primeiros a chegar, a gente perguntava ‘onde ela está?’ e ele não falava”.
Segundo a família, Clarice era vítima de agressões constantes por parte do marido. No dia da morte, ela tinha decidido se separar dele (veja mais abaixo).
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Clarice Marciano, de 50 anos, foi morta em sítio de Santo Antônio da Alegria, SP — Foto: Arquivo pessoal
“O dia mais triste depois de quarta-feira, foi o dia que ela chegou toda roxa, pescoço roxo, marcado e falou que não ia voltar mais de jeito nenhum. Mas ela voltou. Ela mesma dava conselhos, falava ‘olha a minha vida, não estraga a sua'”, conta a sobrinha.
Vítima havia decidido se separar horas antes
Irmã de Clarice, Claudia Aparecida Marciano disse que a vítima havia decidido se separar na quarta-feira (1º), dia do crime. Segundo ela, a mulher era agredida constantemente pelo marido.
“Ela já sofreu estrangulamento, foi parar em Ribeirão Preto com vasos dilatados, porque ele enforcou ela. Depois disso, sempre foi assim, nunca mudou. Ontem [na quarta-feira], ela tinha decidido a se separar, só que não deu tempo”.
Ainda de acordo com a Claudia, a irmã tentou se separar do marido em outras ocasiões, mas sofria ameaças. Nenhum boletim de ocorrência chegou a ser registrado.
“Há muitos anos ela vinha sofrendo agressões, ameaças. Ela tentou várias vezes se separar dele. Por causa de muitos bens, ele não aceitava a separação. Ele passava muito medo nela, falava que se separasse dele, ela não teria direito, iria matar ela.”
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Imagens mostram ferimentos em Claudia Aparecida Marciano, de Santo Antônio da Alegria — Foto: Arquivo pessoal
O crime
O crime aconteceu por volta das 16h10 de quarta-feira (1º). De acordo com a Polícia Militar, uma viatura foi acionada para atender a ocorrência e quando os policiais chegaram ao local, encontraram Reginaldo com uma arma.
A vítima, Clarice Marciano da Silva, já tinha sido socorrida por uma ambulância, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Reginaldo foi preso em flagrante. À EPTV, a defesa dele disse o suspeito precisa de atendimento médico por conta de um problema neurológico e vai reunir documentos para tentar prisão domiciliar. O primeiro pedido foi negado pela Justiça.
Antes de ser encaminhado à cadeia, Reginaldo passou por atendimento médico, por conta de ferimentos no corpo.
Segundo ele, os hematomas foram causados por conta de uma briga com a mulher.
