POLÍCIA
Servidora da Educação é alvo de busca por suposto desvio de benefícios
A Polícia Civil cumpriu, na manhã desta quarta-feira (29/5), mandados de busca e apreensão na Secretaria Estadual de Educação (Seduc), no centro de São Paulo, e na residência de uma servidora em Lauzane Paulista, zona norte de São Paulo. Driele da Silva Teixeira é acusada de peculato. Ela é investigada por supostamente comandar um esquema de desvio de valores de benefícios de vale-alimentação.
O delegado da Polícia Civil Tiago Fernando Correia, responspavel pela investigação, pediu ainda o afastamento da servidora pública e a quebra do sigilo telemático (autorização para acessar o conteúdo dos aparelhos celulares, notebooks, CPU’s, pen drives e outros equipamentos eletrônicos).
Há cerca de dez anos, Driele é responsável pelo gerenciamento de solicitações envolvendo o benefício do cartão-alimentação de servidores. De acordo com investigações da Controladoria Geral do Estado (CGE), foi identificada uma lacuna na auditoria relacionada à utilização do auxílio.
Em depoimento à CGE, a coordenadora de Gestão Recursos Humanos da Seduc confirmou que Driele era responsável pela entrega e recebimento dos cartões alimentação, bem como pela formalização dos pedidos de suplementação de valores.
Descoberta nas férias
Segundo a depoente, quando Driele entrou em férias, a servidora responsável por substituí-la na função encontrou um armário com grande volume de envelopes lacrados. Dentro, estavam diversos cartões de vale-alimentação em nome de servidores exonerados.
Ainda nas férias da investigada, um servidor exonerado comunicou que estava recebendo mensagens no aplicativo sobre uso indevido do saldo de um cartão de benefícios que ele não chegou a receber em mãos.
A CGE apurou 28 casos em que os cartões alimentação receberam créditos mesmo após a desvinculação do funcionário, totalizando mais de R$ 41 mil.
Em um dos casos apurados, mais de R$12 mil foram creditados, em agosto de 2023, no benefício de uma servidora que faleceu em 2022.
Um desvio recente foi identificado no dia 8 de maio, quando Driele solicitou suplementações de auxílio-alimentação para uma lista de servidores, entre eles, pessoas com cadastro inativo na secretaria.
Cinco pessoas que tinham irregularidades em seus cartões foram ouvidas pela Controladoria.
Vida de ostentação
A investigação também apontou que parte do dinheiro desviado era utilizado em comércios das redondezas da Praça da República e do Largo do Arouche, nos arredores da Secretaria da Educação, no centro de São Paulo.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) levantou a existência de movimentações atípicas mantidas pela servidora e a possibilidade do uso de empresas de fachada relacionadas à comercialização de tíquetes refeição e assemelhados.
A investigação levantou que “todos estranhavam a vida que a investigada levava, incompatível com sua renda” – um salário de cerca de R$ 2 mil. Nas redes sociais, Driele se descreve como modelo, apaixonada por moda e viagem, personal stylist e influenciadora. Ela divulga fotos de viagens e frequenta lugares caros, como cruzeiros.
“É inconteste notar que Driele leva uma vida de ostentação, surgindo em fotos sempre muito bem arrumada, com roupas e bolsas aparentemente caras e na maioria das vezes em restaurantes ou praias”, diz a investigação.
O Metrópoles mandou mensagem para a investigada e não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para atualizações.
A reportagem também entrou em contato com a Secretaria da Educação no início da tarde e aguarda retorno.