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Brasileira é barrada na recepção de hostel: “Tem mais de 40 anos”

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Autora do livro Aventuras de Mochila, a viajante brasileira Marcia Reis foi surpreendida ao ter sua hospedagem negada em um hostel na cidade de Bruxelas, na Bélgica, por causa da sua idade. O caso, segundo ela, foi uma demonstração de etarismo. A brasileira de 60 anos teve de deixar o local ao ser informada, na recepção, que o estabelecimento só aceitava hóspedes de até 40 anos.

“Fui surpreendida. Foi a primeira vez que passei por uma situação assim”, relatou Marcia Reis à coluna. No Brasil, um projeto de lei foi protocolado em 2023 para proibir que estabelecimentos adotem esse tipo de conduta.

“Eu não me atentei que aqui nesse hostel não recebe gente com mais de 40 anos. Então a coroa mochileira aqui não pode ficar no hostel porque ela tem 60 e eles só recebem até 40. Já estava pago. Tive que solicitar o cancelamento. A menina vai cancelar para mim”, lamentou Marcia. Ela mantém um perfil no Instagram dedicado às suas viagens pelo Brasil e pelo exterior. Desde março, a escritora vem registrando sua passagem pela Europa, em países como França, Itália, Inglaterra, Albânia, Bósnia-Herzegovina, Eslovênia e Bélgica.

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“E agora eu tenho que sair à caça de um novo hostel, porque eu não me atentei a essa observação na hora de reservar. Não foi culpa deles. Eu não olhei, porque está em letras miúdas, lá no final. Agora eu me ferrei. Tenho que caçar outro”, disse Marcia.

Na legenda da publicação, ela fala sobre o etarismo. “Muito se fala sobre a discriminação de raça, credo e gênero, mas pouco é falado sobre a discriminação pela idade. Foi um choque para essa mochileira que defende a estadia em hostel para todas as pessoas. Mas não é só em hospedagem que isso acontece. Já fiz trilhas onde o ritmo do guia era ditado pelos mais jovens, e que eram a minoria no grupo”, lembrou a escritora.

“A população está envelhecendo sim, mas cada dia com mais saúde e disposição para se lançar nos mais diversos desafios, sejam físicos ou profissionais. Pessoas com mais de 50 anos iniciando uma nova profissão, uma faculdade, ou se lançando na estrada para realizar o sonho de conhecer o mundo, ou tudo que seu tempo neste plano permitir. Um assunto que devemos começar a pensar e tratar com mais relevância”, alertou.

O argumento das hospedarias é manter uma atmosfera específica, dos chamados “party hotels”, em que existe um bar aberto 24 horas por dia e onde as festas são frequentes.

Projeto de lei

No Brasil, o etarismo em hotéis e albergues já foi alvo de reclamações na imprensa especializada e é tema de um projeto de lei apresentado em 2023, de autoria dos deputados Marcos Tavares (PDT-RJ) e Daniel Agrobom (PL-GO), que institui o Programa Nacional de Prevenção ao Etarismo.

O texto define como etarismo o “preconceito, a intolerância ou a discriminação contra pessoas ou grupos em razão da idade” e prevê uma série de medidas, como realização de uma campanha nacional de conscientização, disponibilização de profissionais de psicologia e psiquiatria para vítimas de etarismo e atendimento jurídico e orientacional gratuitos.

“O etarismo é a discriminação praticada contra indivíduos ou grupos de pessoas com base em estereótipos associados à idade. É considerada até mesmo cultural a prática de subestimar a capacidade de decisão de pessoas em razão da idade. Ocorre que a autonomia do idoso merece ser respeitada, levando em consideração todo o conjunto de fatores, e não somente a idade. Sendo assim, é necessário educar a população sobre a gravidade da prática do etarismo, que jamais deve ser considerada comum”, argumentam os autores do projeto. A proposta tramita nas comissões de Saúde, Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa e Constituição e Justiça da Câmara.

No dia 5 de junho, a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara debateu o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa e Combate ao Etarismo, 15 de junho, em audiência pública. A comissão anunciou o lançamento da campanha “Quebrando barreiras, unindo gerações”, voltada à luta contra estereótipos que promovem a “exclusão social, a falta de acesso a serviços adequados de saúde e a violência física, emocional e financeira” dos idosos.

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