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Analistas elogiam fato de Copom não ter cedido à “pressão política”
Na avaliação de analistas, a votação unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) foi o fato mais relevante da decisão tomada pelo órgão em manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,50% ao ano. A medida foi anunciada nesta quarta-feira (19/6).
Marcelo Bolzan, sócio da The Hill Capital, a unanimidade da decisão foi uma forma de o Copom mostrar que “não cedeu à pressão política”. “Acredito que isso foi muito importante para reforçar que as decisões são tomadas de forma técnica e não com interferência política e, assim, eliminar qualquer dúvida sobre a credibilidade da política monetária”, diz.
Para Bolzan, o mercado vai receber bem a decisão. “Amanhã devemos observar uma queda no dólar e nos juros futuros, enquanto que a bolsa deve abrir em alta refletindo maior otimismo com a política monetária”, afirma.
Na última reunião do órgão, nos dias 7 e 8 de maio, houve um racha no Copom. Na ocasião, os integrantes do BC indicados pelo atual governo votaram a favor de um corte de 0,50 ponto percentual da Selic. Os demais optaram pela redução de 0,25 ponto percentual, valor que prevaleceu com o apoio decisivo do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Para José Alfaix, economista da Rio Bravo, apesar das pressões políticas, evidentes nos recentes ataques do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra Campos Neto, o voto unânime dos membros do comitê eliminou o receio de que os indicados pelo presidente divergissem da decisão. “No objetivo de impedir maior desancoragem das expectativas de inflação, o BC reforça seu compromisso com a meta de inflação e deve manter a taxa nesse território enquanto não houver melhora gradual do cenário”, diz Alfaix.
Para Marco Antonio Caruso, economista-chefe do PicPay, a decisão mostrou um “Copom pragmático”. “Ele entregou o consenso esperado pelo mercado, com uma decisão unânime entre os nove membros de parar o corte da Selic”, diz.