Servidores do Samu de Rio Branco recebem marmitas recheadas de tapurus durante almoço

Os socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, vinculados à Secretaria Estadual de Saúde, que fazem plantões exaustivos de 24h, 48h e até 72h, tiveram uma “surpresa desagradável” durante o almoço desta segunda-feira (5), na sede do Samu, localizada na rua José de Melo, no bairro do Bosque, em Rio Branco.

Segundo informações obtidas pela reportagem do site Na Hora da Notícia, além dos alimentos: carne moída, arroz, macarrão, feijão, farofa e algumas verduras, as marmitas também continham tapurus escondidos entre os alimentos. Em um vídeo enviado ao site é possível ver as larvas se mexendo e andando pela carne moída.

A reportagem tentou conversar com alguns servidores, mas todos se negaram a dar detalhes, pois temem retaliação por parte da coordenação do Samu ou até mesmo da Sesacre. Outro medo deles é que o Governo do Estado do Acre deixe de fornecer as marmitas por causa do auxílio alimentação, benefício conquistado pela categoria em 2022, assim como todos os servidores de outras instituições, como Departamento Estadual de Trânsito (Detran), educação e outros.

A reportagem do NHN entrou em contato com o enfermeiro e deputado Adailton Cruz, presidente do sindicato dos servidores da saúde. Ele disse que o fato deve sim ser denunciado, e que os servidores não perdem o direito à alimentação que já é fornecida pelo Estado do Acre.

“Na época, uma das coisas que nós brigamos foi exatamente a não retirada da alimentação que já era fornecida para os servidores da saúde, e isso foi pactuado e garantido pelo Governo. Então eles não devem temer a retirada dessa alimentação que já é fornecida, pois o Governo não pode fazer isso”, esclareceu Adailton.

Por outro lado, os servidores estão com medo, pois, segundo eles, existe perseguição contra os servidores dentro do Samu. “Enquanto uns são perseguidos, outros são beneficiados. E o pior é que quem é protegido é exatamente quem faz coisas erradas. Todo mundo sabe, mas não tem mais como provar. Ali já foi bom, hoje é terrível para trabalhar, pois tem uma péssima administração, que ao invés de melhorar nossa situação, só serve para perseguir quem não é da ‘panelinha’ deles”, disse um servidor que pediu para não ser identificado.

“Rapaz, até furto de medicamentos caros, tipo sedativo para entubação, já teve aqui no Samu. A administração sabe. Disseram que foi feito um processo administrativo, mas nunca deu em nada. Até as imagens das câmeras sumiram. Tem muitos servidores de alto escalão da Sesacre e do Samu envolvidos. O negócio é feio, mas temos que aguentar tudo calado para não perder o emprego ou ser mandado para outro lugar como forma de ‘punição’. E agora a comida com tapuru”, relatou outro servidor indignado.

O valor do auxílio alimentação é de R$ 500 para todos os servidores, independente da carga horária. Na saúde, por exemplo, os servidores disseram que esse valor não dá para suprir a alimentação do mês, pois muitos tomam café, almoçam e jantam no trabalho, já que os plantões variam de 12 até 72 horas. Esse valor não cobriria os custos com toda essa alimentação.

A reportagem procurou a diretora do Samu, Necila Fernandes, mas ela disse apenas que a empresa que fornece o alimento será notificada.

A Sesacre emitiu nota de esclarecimento sobre o caso e informou que a empresa terceirizada que fornece os alimentos será notificada e investigada.

Nota de Esclarecimento

A Secretaria de Estado de Saúde do Acre informa que, ao tomar conhecimento sobre a entrega de marmitas contendo tapuru, imediatamente iniciou procedimentos para apurar os fatos. A empresa terceirizada responsável pelo fornecimento das refeições será notificada oficialmente e a situação será investigada rigorosamente.

Reiteramos nosso compromisso com a saúde e o bem-estar dos servidores e garantimos que, caso sejam confirmadas irregularidades, todas as medidas cabíveis serão tomadas, incluindo a aplicação de sanções à empresa responsável.

Secretaria de Estado de Saúde do Acre