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GERAL

Avião da Voepass operava com autorização para não registrar todos os dados em caixa-preta

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A aeronave da Voepass Linhas aéreas que caiu em Vinhedo (SP) na última sexta-feira, 9, matando 62 pessoas, além de uma cachorrinha, tinha autorização para deixar de guardar oito tipos de informações em sua caixa-preta. Em 2023, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) concedeu licença temporária de 18 meses para companhia não registrar determinados parâmetros em seus gravadores digitais de dados de voo para as aeronaves modelo ATR 72 212 A e 72-500, modelo da queda.

Segundo a Anac, “os parâmetros isentados não configuram prejuízo às investigações em curso”. A Voepass afirma que o avião cumpria todos os requisitos exigidos pelas autoridades.

O ATR 72-500, de prefixo PS-VPB, que caiu em Vinhedo, foi importado para o Brasil em 2022. “Ele era certificado pela autoridade europeia (Easa), que determina uma quantidade menor de parâmetros que a Anac. Por esse motivo, as aeronaves que venham a operar no Brasil necessitam de prazo para adequação às exigências locais, mais restritivas”, disse a Anac em nota.

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A agência também informou que consulta o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) antes de conceder isenções de requisitos que tenham efeitos na investigação de acidentes.

A mesma autorização concedida para a Voepass, segundo a nota, também foi dada para outras aeronaves que são fabricadas fora do Brasil com exigências diferentes das nacionais, já que “a autoridade de aviação de cada país define os parâmetros obrigatórios para o equipamento”.

Os dados da caixa-preta, que são compostos pelo gravador de voz da cabine do avião (Cockpit Voice Recorder) e o gravador de dados de voo (Flight Data Recorder), que mostram o que aconteceu na aeronave, já foram extraídos pelo Cenipa. A expectativa é que um relatório preliminar saia em 30 dias.

Veja os parâmetros não registrados na aeronave da Voepass (ATR 72-500, de prefixo PS-VPB):

1) frequências selecionadas em Nav 1 e Nav 2 (navegadores de voo);

2) pressão do freio (sistema selecionado);

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3) aplicação do pedal do freio (direito e esquerdo);

4) pressão hidráulica (cada sistema);

5) posição do comando do compensador de arfagem na cabine;

6) posição do comando do compensador de rolamento na cabine;

7) a posição do comando do compensador de direção na cabine;

8) todas as forças de comando dos controles de voo da cabine (volante, coluna e pedais).

Ex-comissário denuncia manutenção das aeronaves

Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 11, um ex-comissário da Voepass Linhas Aéreas, antiga Passaredo, criticou a manutenção das aeronaves da empresa dona do avião que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo. Segundo o funcionário, a segurança estava em “segundo ou terceiro plano”.

“A empresa colocava a segurança em segundo ou terceiro plano. Visava mais o lucro, e a gente tinha um avião que apelidava de ‘Maria da Fé’, pra você ter ideia. Porque só voava pela fé. Porque não tinha explicação de como o avião daquele estava voando”, disse.

O comandante Rui Guardiola, pioneiro dos aviões ATR no Brasil, voou 15 mil horas nesse modelo e trabalhou apenas um mês na Passaredo, hoje Voepass, em 2019. Ele contou que durante seu período na empresa passou por uma situação com o botão que aciona o sistema antigelo e que a solução da manutenção foi colocar um palito.

De acordo com apurações feitas pelo programa, o avião que sofreu o acidente aéreo estava com problemas no ar-condicionado, falha no sistema hidráulico, tinha tido um contato anormal com a pista – um choque da calda da aeronave com a pista, causando um “dano estrutural” – e vinha passando por uma série de paradas para manutenções.

Ao ser questionada pelo Fantástico sobre as manutenções antes do acidente, a Voepass Linhas Aéreas respondeu que informações relacionadas à investigação serão restritas à Aeronáutica e outras autoridades.

 

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