CIDADES
“O que está acontecendo?”, perguntou copiloto antes da queda de avião
O gravador de voz da cabine do avião ATR-72 da VoePass que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, na última sexta-feira (9/8), registrou o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva perguntando ao piloto Danilo Romano o que estava acontecendo ao perceber que o avião estava perdendo sustentação. Havia 58 passageiros e 4 tripulantes na aeronave. Nenhum deles sobreviveu.
Na gravação, há o registro de que o copiloto disse, em seguida, que era preciso “dar potência”, em uma tentativa de estabilizar a aeronave e impedir a queda, o que não foi possível.
As informações foram obtidas com exclusividade pela TV Globo.
Cerca de um minuto se passou entre a constatação da perda de altitude e o choque do avião contra o solo. Nesse intervalo de tempo, segundo os investigadores ouvidos pela TV Globo, o áudio registra que a tripulação tentou reagir.
A gravação é finalizada com gritos e com o estrondo do choque da aeronave contra o chão.
As cerca de duas horas de transcrição foram feitas pelo laboratório de leitura e análise de dados do Centro de Investigação e Prevenção e Acidentes (Cenipa), vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB).
De acordo com a FAB, a partir das 13h21, a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Os últimos registros do voo mostram que, instantes antes da queda, o avião estava a 5.190 metros de altura.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro –, a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
Foi nesse minuto que a conversa registrada pela gravação entre os tripulantes aconteceu.
Segundo os investigadores, a análise preliminar dos dados indica que o ATR 72-500 perdeu altitude de forma repentina e que a análise do áudio da cabine, sozinha, não é capaz de cravar uma causa aparente para a queda.
O relatório técnico preliminar da FAB sobre o caso deve ficar pronto em 30 dias.
Além dele, a investigação da Polícia Federal (PF) sobre o acidente aéreo pode levar mais de um ano para apontar possíveis crimes e indiciar eventuais suspeitos.
Os delegados da PF responsáveis pelo caso aguardam dois laudos do Instituto Nacional de Criminalística (INC) para avançar com as investigações no âmbito criminal.
Identificação dos corpos
A força-tarefa do Instituto Médico Legal (IML) Central da capital paulista já identificou 60 dos 62 mortos no acidente aéreo. A maioria dos corpos foi identificada por coleta de digitais e reconhecimento de parentes.
Ao todo, 30 corpos já foram liberados aos familiares para que sejam realizados os enterros. Os nomes dos mortos identificados não foram divulgados pelo IML.
À medida que os profissionais avançam com os trabalhos, familiares das vítimas, que estão hospedados em um hotel no centro, são chamados ao Instituto Oscar Freire, localizado ao lado do IML, para fazer o reconhecimento.