POLÍTICA
Lula reúne ministros para enfrentar crise das queimadas; emergência climática e ações coordenadas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião urgente com ministros nesta segunda-feira (16) para discutir as emergências climáticas e o combate aos incêndios florestais que assolam o país. O encontro, que terá como foco principal a crise das queimadas, acontece após Lula e a primeira-dama, Janja Lula da Silva, sobrevoarem o Parque Nacional de Brasília, atingido por um incêndio de grandes proporções no último domingo (15).
Em suas redes sociais, Lula afirmou que o governo federal está trabalhando em conjunto com o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal para combater as chamas e anunciou a reunião com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. “A PF [Polícia Federal] tem hoje 52 inquéritos abertos contra os responsáveis por esses crimes. O Ministério da Saúde tem dado orientações para nos protegermos da fumaça, e amanhã [segunda-feira] irei me reunir com a ministra Marina Silva, e o núcleo de governo para discutirmos mais ações para lidarmos com essa emergência climática”, escreveu Lula.
A reunião, que normalmente acontece às segundas-feiras com ministros da articulação política e líderes do governo no Parlamento para tratar da agenda no Congresso Nacional, terá como tema dominante as queimadas. Além de Marina Silva, o encontro contará com a participação do vice-presidente, Geraldo Alckmin, os ministros da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, representantes do Ibama e do ICMBio e o secretário-executivo da Saúde, Swedenberger Barbosa.
A Polícia Federal investiga a possibilidade de ações coordenadas por trás dos incêndios florestais, com a propagação de incêndios simultâneos. A hipótese de ação humana em parte das queimadas também foi levantada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, que determinou medidas para o enfrentamento aos incêndios na Amazônia e no Pantanal.
Flávio Dino também autorizou a União a emitir créditos extraordinários fora dos limites fiscais para o combate às chamas, garantindo um orçamento de emergência climática para o governo federal até o fim do ano.
O uso do fogo para práticas agrícolas no Pantanal e na maior parte da Amazônia é proibido e considerado crime, com pena de 2 a 4 anos de prisão. No entanto, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima alerta que os incêndios florestais no Brasil e em outros países da América do Sul são intensificados pela mudança do clima, que causa estiagens prolongadas em biomas como o Pantanal e a Amazônia. Este ano, 58% do território nacional foi afetado pela seca, com um terço do país enfrentando seca severa.
Em declaração no sábado (14), a ministra Marina Silva afirmou que o Brasil vive um terrorismo climático, com pessoas usando as altas temperaturas e a baixa umidade para atear fogo, prejudicando a saúde das pessoas, a biodiversidade e destruindo as florestas.
As consequências das queimadas para a saúde pública são alarmantes, com o grande volume de fumaça pressionando o sistema de saúde e causando preocupação, principalmente para idosos e crianças com problemas respiratórios. Cidades em diversas partes do país foram atingidas por nuvens de fumaça, prejudicando a qualidade do ar.
As orientações para a população nessas regiões são evitar a exposição ao ar livre e a prática de atividades físicas, manter distância dos focos de queimadas e aumentar a ingestão de água. Em caso de náuseas, vômitos, febres, falta de ar, tontura, confusão mental ou dores intensas de cabeça, no peito ou abdômen, é recomendado procurar atendimento médico.
A Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) vai ampliar a atuação nos estados e municípios afetados pelas queimadas, com equipes visitando o Acre, Amazonas e Rondônia a partir desta segunda-feira. A mobilização, uma demanda do Ministério da Saúde, visa avaliar a situação e apoiar gestores estaduais e municipais.