Pesquisar
Close this search box.
RIO BRANCO
Pesquisar
Close this search box.

GERAL

‘Discrepância’ nas sentenças de Lessa e Queiroz pelas mortes de Marielle e Anderson será analisada, diz promotor

Publicado em

O promotor Eduardo Morais disse que o Ministério Público irá analisar a “discrepância” na sentença de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Ambos têm cerca de 20 anos de diferença entre as penas. A informação é do jornal O Globo.

Lessa pegou 78 anos, 9 meses e 30 dias, enquanto Queiroz, teve 59 anos, 8 meses e 10 dias. A dupla ainda deverá pagar R$ 706 mil de indenização para Arthur, Ágatha [viúva de Anderson], Luyara [filha de Marielle], Mônica [viúva de Marielle] e Marinete [mãe de Marielle].

Após 18 horas de julgamento no 4º Tribunal do Júri da Justiça do Rio de Janeiro, o promotor falou com a imprensa, destacando que a sentença dada pela juíza Lúcia Glioche será revista com “com calma”.

Continua depois da publicidade

“A princípio, vimos uma diferença de 20 anos do Élcio para o Ronnie. Me parece uma discrepância grande, mas vamos ver com calma o que a juíza considerou. Se for o caso, vamos recorrer”, declarou.

Eduardo Morais ainda explicou que a pena pode passar por redução devido aos acordos de delação feitos pelos ex-PMs. “O Ministério Público não se manifesta sobre o termo do acordo de delação. Para o acordo valer, precisamos de condenação. O que posso assegurar é que eles vão cumprir 30 anos de pena, com uma progressão diferenciada em razão do acordo”, apontou.

Julgamento durou dois dias

O julgamento começou na última quarta-feira, 30, e foi acompanhado por familiares e amigos de Marielle e Anderson. Pouco antes do início da sessão, um ato foi realizado na frente do Tribunal. “Marielle, justiça”, “Anderson, justiça”, e “Seremos resistência”, gritaram os participantes. Eles também questionaram: “Quantos mais têm que morrer para essa guerra acabar?”.

O protesto continuou até a viúva de Anderson, Agata Arnaus, os pais e a filha de Marielle, e sua irmã, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, entrarem no tribunal. O julgamento começou com o depoimento das testemunhas de acusação. A principal foi Fernanda Chaves, então assessora da parlamentar, que estava no carro no momento do assassinato. Ela foi a única sobrevivente do atentado e detalhou os momentos de terror.

“A Marielle estava imóvel. Senti o braço dela por cima de mim, o peso do corpo dela sobre mim. Eu estava sem cinto, por isso consegui me abaixar atrás do banco. Eu percebi que o carro estava em movimento, eu via um pouco de luz entrando pelas janelas, que estavam estouradas, e então fiz o carro parar”, relembrou.

Continua depois da publicidade

Já o interrogatório de Lessa durou cerca de duas horas. Ele chegou a pedir desculpas às famílias de Marielle, de Anderson e à sua própria pelas execuções. Queiroz foi ouvido durante outras duas horas e chegou a dizer que entrou no “trabalho” (o assassinato de Marielle) apenas no dia do crime.

Na quinta, 31, a sessão começou com o parecer do MP. O promotor Fábio Vieira questionou o arrependimento de Queiroz e Lessa. “Que arrependimento é esse que se pede algo em troca? Os senhores já pediram arrependimento para alguém, falando, ‘eu quero o seu perdão se me der algo em troca?’, porque é isso que eles fizeram. Eles são réus colaboradores. Foi isso que vieram fazer”, declarou.

O Ministério Público também abriu as pesquisas feitas pelo ex-policial antes do assassinato. Os documentos dão que ele buscou rastreador de veículos, ‘acessórios’ para uma submetralhadora HK MP5, a mesma usada no crime, como silenciador e adaptador. O ex-PM ainda buscou como ‘dessincronizar a conta de e-mail’ de seu navegador para tentar apagar rastro da pesquisa.

Apesar das provas apresentadas pelo Ministério Público, pedindo a pena máxima aos réus, a defesa dos dois tentou reverter. Enquanto o advogado de Lessa, Saulo Carvalho, declarou que a Polícia só chegou aos mandantes do assassinato “graças” a delação premiada de Lessa, senão “nunca teriam chegado”, a defensora de Queiroz, Ana Paula de Araújo Fonseca Cordeiro, imputou ao atirador a maior responsabilidade, pois seu cliente não teria planejado o assassinato.

“A defesa reconhece a gravidade dos crimes que Élcio praticou, mas o que a gente busca é que ele seja responsabilizado de acordo com a sua culpabilidade. A divergência da acusação e da defesa não é contra os fatos, mas da imputação aos fatos”, disse a advogada.

 

Propaganda
Advertisement
plugins premium WordPress