POLÍTICA
Em festival, Lula discursa e defende que fome seja tratada como questão política global
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou neste sábado, 16, do último dia do Aliança Global Festival Contra a Fome e a Pobreza, evento apelidado de ‘Janjapalooza’, realizado no Rio de Janeiro. A presença do petista não foi surpresa, considerando o grande esquema de segurança montado na Praça Mauá. No entanto, ele surpreendeu ao trazer consigo um convidado especial não anunciado previamente: Gilberto Gil.
Ao subir ao palco acompanhado do cantor, Lula destacou a importância de transformar a fome em uma questão política global e agradeceu a participação de artistas e do público no evento. Ele também agradeceu o empenho de sua esposa, Janja, e da ministra da Cultura, Margareth Menezes, na organização do festival.
Em seguida, enfatizou que a fome precisa deixar de ser tratada apenas como uma questão social para se tornar uma prioridade política mundial. Ele destacou que o problema atinge milhões de pessoas no mundo, enquanto trilhões de dólares são investidos em defesa militar.
“A fome não é uma questão da natureza, ela é fruto da irresponsabilidade dos governantes do planeta. É preciso coragem, sensibilidade e, sobretudo, humanismo para mudar essa realidade. Não podemos permitir que uma criança morra de desnutrição”, afirmou.
O presidente também compartilhou experiências pessoais, lembrando sua infância marcada pela escassez de alimentos. “Eu fui comer pão pela primeira vez com sete anos de idade. Minha mãe, mesmo sem comida para fazer para os oito filhos, nunca reclamava. Ela dizia: ‘Hoje não tem, mas amanhã vai ter’.”
Durante o evento, Lula também elogiou o papel dos artistas em mobilizar a sociedade e despertar empatia. “Os artistas que estão aqui hoje ajudam a dar voz a quem não tem força para resistir. É preciso repartir o pão e garantir que todos tenham direito a tomar café, almoçar e jantar todos os dias”, disse ele.
O mandatário ainda ressaltou a importância do festival como um marco cultural no contexto do G20. “Esse é o primeiro G20 Social e cultural. Já combinei com o presidente Ramaphosa, da África do Sul, que o próximo G20 será lá e espero que ele convoque um Fórum Social Mundial. Mas, se os governantes não convocarem, a sociedade civil deve ir às ruas por conta própria”, incentivou.
O presidente reforçou que o combate à fome não deve ser uma campanha de ofensas ou acusações, mas de indignação coletiva. “Precisamos indignar a sociedade que já conquistou o direito de comer, para que possamos trazer junto aqueles que ainda passam fome”, declarou.
A fala de Lula encerrou com um agradecimento especial aos artistas e ao público: “Vocês são um estímulo para os cantores e cantoras aqui. A recompensa de vocês não será em dinheiro, mas na gratidão das crianças que, graças a esse gesto, terão o que comer no futuro.”
Esquema de segurança
Diferente dos dias anteriores, o entorno do palco foi reforçado com grades e agentes de segurança. Para conseguir acessar o espaço mais próximo da estrutura, o público geral teve que passar antes por uma revista minuciosa para garantir que garrafas, latas e artefatos cortantes não entrassem no local.
A medida visa garantir a integridade do chefe de Estado e impedir que alguém atire objetos ao palco.Por conta do esquema, o público enfrentou filas para a revista e a passagem pelo detector de metais. Os ambulantes do local também não puderam permanecer no perímetro.
Quem queria comprar uma bebida precisou sair do espaço e procurar os coolers e isopores fora da grade de segurança. O evento marcado para começar as 17h atrasou, mas iniciou às 18h02.
Com o tema “Pro dia nascer feliz”, o palco do Aliança Global Festival recebeu nomes como Alceu Valença, Ney Matogrosso e Fafá de Belém no seu terceiro dia. Antes do festival, Lula esteve na cerimônia de encerramento do G20 Social.