POLÍCIA
Terror e desespero: Indígenas denunciam invasão, abusos e violência em aldeias do Acre
Uma onda de terror e violência atinge as aldeias do Rio Gregório, em Tarauacá, no Acre. Lideranças indígenas denunciaram nesta quarta-feira, 27, através de redes sociais, a invasão de um grupo de faccionados que estariam cometendo abusos sexuais contra mulheres e agredindo crianças e homens indígenas.
Em um áudio angustiante, o indígena Gecê Yawanawa, do Rio Gregório, clama por socorro: “Aqui sou eu, Gecê Yawanawa, do rio Gregório. Quero acionar aqui que apareceram uns homens armados, que estão matando mulher e criança. E tá muito perigoso pra lá. Estão abusando das mulheres. Ninguém sabe de onde é que são. É urgente, delegado, é urgente. Estão todos desesperados, é urgente”.
O Cacique Iskikua, da Aldeia Nova Esperança, em um vídeo desesperado, pede ajuda às autoridades: “Aqui quem vos fala é o cacique da Aldeia Nova Esperança do Rio Gregório. Neste momento, estou na capital em Rio Branco e nesse exato momento tem dentro da terra indígena do Rio Gregório uma facção criminosa que acabou de invadir uma aldeia, a aldeia dos parentes Camanawa. É do, que é conhecido como pajé caminhão. Eu peço encarecidamente, já avisei as autoridades, avisei a polícia de Tarauacá, mas estou usando a minha rede social pra que isso alcance mais gente”.
De acordo com o cacique, os criminosos estariam abusando sexualmente das mulheres, espancando crianças e mantendo os homens indígenas reféns. “Estou me expondo aqui. Mas eu estou falando como pai, como liderança também porque estou preocupado. Não sei qual o motivo, o porquê, a gente está indignado com isso e preocupado. Pode acontecer um confronto. E é isso que a gente não quer. A gente é o povo da paz. A gente é o povo da cura. A gente é o povo da alegria. Mas quando é preciso defender nossos filhos e a honra das mulheres, a gente vai fazer o que for possível. Então pra que não aconteça coisa pior, a gente pede que as autoridades se desloquem e ajudem os parentes. A polícia precisa ir lá agora ajudar nossos parentes”, suplica o cacique.
A Polícia Militar afirma que está apurando os fatos e que acionou a Polícia Federal. O delegado de polícia Civil de Tarauacá, Ronério Silva, confirmou que foi acionado e que está se mobilizando para ir ao local. “Os caciques estão entrando em contato comigo. A gente vai estar montando uma equipe para ir em local”, destacou.
A denúncia gravíssima coloca em evidência a fragilidade e a vulnerabilidade das comunidades indígenas, que sofrem com a violência e a impunidade. A necessidade urgente de proteção e de ações eficazes por parte das autoridades é crucial para garantir a segurança e a integridade física e moral dos indígenas.