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Facções criminosas avançam em quase todos os municípios do Acre, impulsionando a violência na Amazônia

Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revelou um cenário preocupante: a presença de facções criminosas se intensificou em 21 dos 22 municípios do Acre, incluindo a capital Rio Branco, a partir de 2023. O avanço das facções, que se estende por toda a Amazônia, atinge até mesmo aldeias indígenas e comunidades ribeirinhas na zona rural.
O estudo “Cartografias da Violência na Amazônia” mostra que o número de cidades na região com registro de presença de facções, como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), aumentou 46% entre 2023 e 2024. Dos 772 municípios da Amazônia Legal, 260 já registram a presença de, pelo menos, uma facção.
O Pará lidera o ranking com 73 cidades sob influência de facções, seguido pelo Maranhão (48), Mato Grosso (42), Rondônia (26), Acre (22), Amazonas (21), Roraima (14), Tocantins (9) e Amapá (5).
O estudo aponta para uma tendência de interiorização das facções, que buscam cidades estratégicas para o narcotráfico, independentemente do tamanho. No Acre, as cidades fronteiriças com a Bolívia e o Peru, como Epitaciolândia, Brasiléia, Assis Brasil e Cruzeiro do Sul, são alvos prioritários. Esses municípios se destacam por sua proximidade com fronteiras, pistas de pouso clandestinas, rodovias importantes, portos fluviais e áreas de garimpo ilegal.
A intensificação da presença de facções na Amazônia se deve a diversos fatores, como:
-Alianças entre grupos dentro do sistema prisional: Facções se fortalecem por meio de alianças e recrutamento de novos membros.
-Dinâmica do mercado de drogas: A região é estratégica para o tráfico de drogas, com rotas que conectam a produção de cocaína na América do Sul ao mercado internacional.
-Controle de áreas estratégicas: Facções buscam o controle de áreas com acesso a fronteiras, pistas de pouso, rodovias e portos, facilitando o transporte de drogas e outros produtos ilícitos.
O estudo também revela que o Comando Vermelho (CV) domina 130 municípios na Amazônia, com forte presença nas cidades de fronteira. O PCC controla 28 municípios, enquanto outros grupos locais se espalham por 18 municípios.
A presença de facções na Amazônia representa um grave problema para a segurança pública e para a população. O aumento da violência, o tráfico de drogas, a exploração ilegal de recursos naturais e a criminalidade organizada são consequências diretas da atuação dessas facções.
É fundamental que as autoridades intensifiquem as ações de combate ao crime organizado, promovam políticas públicas de segurança e de desenvolvimento social, e invistam na proteção de comunidades vulneráveis. A proteção da Amazônia e a garantia da segurança de seus habitantes dependem de uma ação conjunta e eficaz de todos os setores da sociedade.
