CIDADES
Revolta no interior do Acre: Lista de material escolar para o ensino médio causa indignação

A volta às aulas no ensino médio da escola Dom Henrique Ruth, em Cruzeiro do Sul (AC), está sendo marcada por um clima de revolta entre os pais dos alunos. A razão? Uma lista de material escolar considerada exorbitante e “infantil” por muitas famílias.
A lista, que inclui itens como EVA, glitter, cartolinas, papel madeira, TNT, tubos de cola, tesoura sem ponta, lápis de cor, resma de papel, entre outros, gerou indignação entre as mães, que se sentem sobrecarregadas com o custo e a falta de sentido da solicitação.
“Parece que a escola está pedindo material para a educação infantil, não para o ensino médio”, desabafa uma mãe, que preferiu não se identificar. “Já comprei tudo isso quando minha filha era pequena. Agora, no ensino médio, ter que comprar de novo é um absurdo. A lista toda deu R$ 225, e parece pouco, mas estamos com gente doente em casa, só temos o Bolsa Família e não temos dinheiro para isso.”
A preocupação com a pressão social para que os alunos levem o material solicitado também é grande. “Se minha filha não levar, vai se sentir inferior e pode sofrer bullying”, lamenta a mãe.
A direção da escola, que está em período de férias, não se manifestou sobre o assunto.
O Procon de Cruzeiro do Sul, embora não tenha competência para fiscalizar as escolas públicas, destaca que a lista de material escolar deve conter apenas itens de uso individual do aluno, sendo vedada a exigência de materiais para uso coletivo.
A Secretaria de Estado de Educação do Acre, por meio do seu representante em Cruzeiro do Sul, Aderlan Gomes de Almeida, justifica que cada escola tem autonomia para elaborar sua própria lista de material. Segundo ele, a escola é responsável por fornecer materiais de uso coletivo, enquanto os pais devem providenciar os materiais didáticos de uso individual do aluno, como caneta, lápis, borracha, compasso e papel A4.
A explicação sobre a necessidade de alguns itens no primeiro dia de aula, como materiais para projetos, ainda gera dúvidas e frustração. As famílias se sentem desamparadas e questionam a falta de clareza e organização da escola, que oferece ensino em tempo integral.
A situação expõe a necessidade de um diálogo transparente entre escola, pais e comunidade para garantir que a educação seja acessível e justa para todos os alunos. É preciso que a escola reveja a lista de materiais, buscando alternativas mais adequadas à realidade das famílias e ao desenvolvimento do ensino médio.
