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Baiana de receptivo tira roupa para provar que não roubou carteira de argentina: ‘Fiquei de calcinha e sutiã’

Uma baiana de receptivo afirma ter sido obrigada a tirar a roupa para provar que não roubou a carteira de uma turista argentina, na Praia do Forte, na região metropolitana de Salvador (BA). A vítima Jucione Manuele Costa, de 48 anos, ficou de calcinha e sutiã em um estabelecimento após a acusação.
O caso ocorreu por volta das 16h30 da tarde da última sexta-feira, 28. Jucione estava no local quando um casal de turistas argentinos a abordou e pediu para tirar uma foto. Ela chegou a ser elogiada pelos dois, mas logo depois, veio a acusação.
“’Que linda, que coisa mais linda’ [disse o casal]. Tirou a foto comigo. Quando foi para efetuar o pagamento, ela se abaixou para pegar na bolsa e começou a tirar tudo de dentro e perguntou para mim: ‘Quanto custa?’. Eu falei: Cobro R$ 25 por pessoa”, contou à TV Globo Bahia.
Após não localizar a carteira, a mulher olhou para o marido e disse que achava que esqueceu o item na loja. Ela pediu para Jucione esperasse com seu marido, enquanto ela ia até o estabelecimento buscar a carteira.
“Ela já voltou possessa. ‘Você roubou minha carteira! Ladrona, me roubou. Minha carteira está dentro dos peitos dela, dentro da roupa'”. Nesse momento, a baiana de receptivo explicou que não havia roubado nada e tentou acalmar a mulher, mas nada resolveu. A suspeita continuou a acusá-la, mandando tirar a roupa.
“Eu não tinha outro modo. Entrei em uma loja que vende açaí, de uma amiga minha, aí eu falei: ‘Amiga, tenha calma, eu vou tirar a roupa’. Comecei a tirar a roupa. Ela exigia que eu tirasse a roupa. ‘Vou chamar a polícia. Você roubou sim minha carteira. Tire a roupa’ [a argentina dizia]. Tanto que na filmagem mostra ela com a mão assim [apontando] e nervosa. Tirei a roupa toda”, afirma Jucione.
Só tirar a roupa de baiana não resolveu. A turista queria que a vítima também se despisse de seu macaquinho. “Tive que tirar o macaquinho todo para ficar de calcinha e sutiã, sacudir o macaquinho para ela ver que eu realmente não peguei a bolsa dela”, conta.
E continua: “Eu pensei: ‘Meu deus, isso está acontecendo comigo porque eu sou negra’. Porque se eu não fosse negra, ela não ia mandar eu tirar a minha roupa toda, né? Eu me senti um lixo, porque aqui em Salvador, principalmente, o branco vale mais do que o negro, principalmente se ele for turista de fora”, ressaltou.
Depois de perceber que a Jucione não estava com a sua carteira, a suspeita voltou para a loja de roupas, onde encontrou o item. Ela ainda disse para as funcionárias que havia “cometido um erro”. A baiana conta ainda que a mulher queria fugir depois da acusação, mas ela pediu por socorro.
“Foi aí que os policiais vieram, levaram a gente para a delegacia da Praia do Forte. Só que quando chegou lá, não tinha delegado. Aí quem fez [o boletim de ocorrência], foi o agente. Uma pessoa maravilhosa, que me tratou super bem, me acalmou.”
Jucione ainda aponta que o marido da suspeita lhe ofereceu R$ 250 para que não registrasse a ocorrência, além de um amigo do argentino que ligou perguntando o que podia fazer para que ela não levasse o caso à diante.
“Eu falei que não tem preço. Não tem preço a minha dignidade. Ele falou: ‘você tem certeza que vai destruir com a vida dos turistas?’. Eu destruir a vida deles? Eles que destruíram a minha. Só que eu não sei quem era, não se identificou”, aponta.
Ainda conforme a emissora, o caso foi registrado como Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) na Delegacia de Proteção Ambiental de Praia do Forte, contra uma mulher de 53 anos, que é suspeito de calúnia. O Terra pediu mais detalhes do registro à Polícia Civil, mas não teve retorno até o momento.
