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No Acre, pau de arara segue como alternativa de transporte para zona rural

Em 2025, a imagem do “pau de arara” – caminhão adaptado que transporta passageiros e mercadorias – ainda percorre as estradas do Acre, um retrato marcante das disparidades regionais e da falta de infraestrutura em áreas rurais. Uma reportagem realizada no Mercado da 6 de Agosto em Rio Branco, expõe essa realidade, mostrando o embarque de moradores para a zona rural em veículos improvisados, com bancos de madeira e um custo de R$ 25 por passageiro até localidades como a Vila Campinas, em Capixaba.
Essa cena, longe de ser um mero detalhe pitoresco, simboliza a luta diária de agricultores e moradores de colônias e ramais para acessar a cidade e escoar sua produção. A dependência do “pau de arara” revela a precariedade do transporte público e a falta de investimento em infraestrutura viária adequada para conectar as áreas rurais com os centros urbanos. A viagem, muitas vezes desconfortável e arriscada, torna-se parte integrante da rotina desses indivíduos, que enfrentam longos trajetos em condições precárias para garantir seu sustento e o acesso a bens essenciais.
O Mercado da 6 de Agosto, transformado em ponto de encontro e embarque dos “paus de arara”, ilustra a interdependência entre a zona rural e urbana. Para os comerciantes locais, o fluxo constante de clientes vindos da zona rural representa uma fonte de renda vital. A resistência à remoção do terminal do mercado demonstra a importância desse ponto estratégico para a população rural e o poder da mobilização comunitária na defesa de seus interesses. A fala do comerciante Sidney Oliveira, um manauara com seis anos de atuação no local, destaca a dedicação e a relação de confiança construída com a clientela, reforçando os laços sociais que se tecem em torno desse sistema de transporte improvisado.
No entanto, a persistência do “pau de arara” também levanta questões preocupantes sobre a desigualdade social e a necessidade de políticas públicas mais eficazes. A precariedade do transporte coloca em risco a segurança dos passageiros e a qualidade dos produtos transportados. A falta de alternativas viáveis impacta diretamente a qualidade de vida da população rural, limitando o acesso a serviços essenciais como saúde e educação.
Em conclusão, a imagem do “pau de arara” no Acre em 2025 não é apenas uma relíquia do passado, mas um símbolo persistente das desigualdades e da necessidade urgente de investimentos em infraestrutura e políticas públicas que garantam acesso digno e seguro ao transporte para a população rural. Sua existência continua a nos confrontar com a realidade da desigualdade e a urgência de mudanças para um futuro mais justo e equitativo.
