POLÍTICA
Mustafá declara que ‘motoristas da Ricco são heróis, sem receber salários em dia, chutam, cabeceiam e ainda fazem o gol’

“Se a Ricco não tem competência pra fazer um trabalho excepcional, então capa o gato da nossa capital”, declarou Mustafá, após mais uma denúncia de falta de pagamento de salários aos trabalhadores da empresa Ricco.
O espaço da tribuna popular, durante a sessão ordinária desta quarta-feira, 9, foi destinado, mais uma vez, à questão do transporte público em Rio Branco. No entanto, não se tratava de usuários do transporte, mas de trabalhadores da própria empresa Ricco, que alegam perseguição, falta de condições de trabalho e, principalmente, atraso nos pagamentos.
Representando a categoria, estava o senhor Francisco Leite Marinho, que afirmou haver perseguição dentro da Ricco em relação aos funcionários que fazem alguma reivindicação. “Hoje está tendo uma reunião lá (empresa Ricco), para reivindicação de salário e reajuste salarial, mas o pessoal tem até medo de comparecer à reunião, pois está sujeito a retaliação”, desabafou o motorista.
O objetivo da presença da categoria na tribuna popular foi solicitar ajuda do poder público, para que seja realizada uma nova licitação — ainda que não seja para retirar a Ricco, mas para permitir a entrada de outra empresa, oferecendo mais opções tanto para os usuários quanto para os trabalhadores do setor.
O trabalhador destacou que, mesmo com o repasse feito pela prefeitura à Ricco, os salários não são pagos corretamente, quem tira férias não sabe quando vai receber, o vale-alimentação não é pago na data certa, entre outros problemas. “Não tem mais como dizer que dia vai pagar. Se é dia 20, dia 6… não tem nada. Não tem convenção assinada no nosso transporte. E toda vida a gente manteve o sindicato para ter uma convenção coletiva, e hoje não tem mais. Não melhorou nada no serviço”, disse Francisco.
O vereador Márcio Mustafá lembrou do momento em que foi impedido de entrar na empresa durante uma visita de fiscalização e deixou claro que não tem “rabo preso” com ninguém da prefeitura ou com secretários. Mustafá declarou ainda que sua votação veio do povo, do trabalhador, e que é inadmissível o atraso de salário de trabalhador.
“É inadmissível o atraso dos pagamentos dos funcionários. Quem não é patrão, tem que ser empregado. Se não consegue pagar, pede desculpas, diz ‘não consigo’, mete o rabinho entre as pernas, pega os ônibus e vaza da nossa capital. Essa é a situação”, declarou, indignado.
Mustafá ainda fez um trocadilho com o nome da empresa, dizendo que “se a Ricco não dá conta, pede uma outra empresa, nem que seja no nome de Pobre, pois pelo jeito, Ricco não tem nada, porque não tem condições de pagar os funcionários”. “É inadmissível um pai de família deixar de receber seu pagamento. Salário é a recompensa do serviço prestado”, disse Mustafá, batendo na mesa, indignado.
O parlamentar lembrou ainda que essa categoria acorda muito cedo e tem responsabilidade com a vida das pessoas, além de exercer a função acumulada de cobrador. “Enquanto todos nós estamos dormindo, os pais de família, motoristas, estão acordando. No meu primeiro sono, de duas ou três horas da manhã, é quando os protagonistas — que são os motoristas — estão chegando para o primeiro turno de trabalho”, disse Mustafá, chamando a atenção dos colegas parlamentares.
Por fim, Márcio Mustafá destacou que os motoristas, além de serem desrespeitados com a falta de pagamento dos salários, ainda precisam lidar com o abuso de muitos usuários e estão sobrecarregados com funções acumuladas. “Eles são os melhores jogadores, porque eles chutam, cabeceiam e ainda fazem o gol. Hoje nem cobrador tem, são eles que fazem tudo. Então, é inadmissível. Se a Ricco não tem competência pra fazer um trabalho excepcional, então capa o gato da nossa cidade”, finalizou Mustafá.