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Copom deve elevar a Selic a 14,75%: como o novo aumento impacta no bolso do brasileiro?

Nesta quarta-feira, 7, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve elevar a taxa Selic de 14,25% ao ano para 14,75% ao ano. A maior parte dos economistas do mercado, assim como instituições financeiras, aposta que a Selic deve continuar em alta até junho.
Mas, afinal, o que isso significa e como este aumento impacta no bolso dos brasileiros? O Terra consultou especialistas do mercado financeiro para saber os prós e contras de o BC aumentar a Selic para 14,75%.
Em regra, a Selic mais alta beneficia os investidores de renda fixa, que verão um aumento no rendimento de ativos como Tesouro Selic, CDBs e CDIs. Por outro lado, quem quer financiar um imóvel pode se deparar com taxas de juros mais altas e, com isso, precisar atrasar o sonho da casa própria.
“Para os consumidores, o aumento da Selic torna empréstimos e financiamentos mais caros, reduzindo o poder de compra e dificultando o acesso ao crédito. Para investidores, aumenta o juro pago pela renda fixa e tende a ter efeitos negativos sobre ativos de renda variável, como ações e fundos imobiliários”, explica Paula Zogbi, gerente de Research da Nomad.
A alta dos juros gera também impactos na macroeconomia, como menor crescimento do PIB, por exemplo. A dívida pública também encarece, tornando a política fiscal mais desafiadora e, no cenário atual, diminuindo a atratividade do Brasil como mercado de renda variável. De modo geral, todas as empresas também sofrem com a alta da Selic.
Alguns setores, como bancos e seguradoras, podem ter efeitos positivos com a alta da Selic pelo diferencial entre juros cobrados e juros pagos, mas setores como construção civil, varejo e pequenas empresas são particularmente impactados, pois dependem mais do crédito e têm margens de lucro menores.
“Os principais setores que sofrem com taxas de juros elevadas são os setores que dependem drasticamente de financiamento, como é o setor de varejo e o setor imobiliário. Dessa forma, as ações ligadas a esses setores devem sofrer em caso de qualquer sinal de piora de resultados”, diz Marcello Carvalho, economista na WIT Invest.
Prós e contras do aumento da Selic
O principal ponto positivo é a busca pela manutenção da inflação sob controle, justamente o intuito de aumentos nas taxas de juros. Outras consequências positivas vêm para quem oferece crédito, ou seja, investidores de títulos de crédito. Investimentos em títulos de renda fixa ficam mais atraentes e pagam juros maiores.
Na ponta negativa, uma Selic mais alta desestimula a atividade econômica, encarecendo o crédito (tanto para companhias como pessoas físicas), desestimulando o consumo e tornando investimentos em ativos de risco menos vantajosos.
No caso da renda variável, as ações perdem sua atratividade, já que os investidores preferem passar a opções mais seguras e com rendimento previsível.
“A alta dos juros pode desvalorizar ações, especialmente de empresas dependentes de crédito, devido à redução do consumo e aumento dos custos financeiros, além do aumento da taxa de desconto utilizada por analistas de mercado para estimar o valor justo dos ativos”, explica Paula Zogbi.
Com a Selic acima de 8,5% ao ano, a poupança também rende 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR), o que pode ser menos vantajoso comparado a outros investimentos.
