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Café dispara e impacta inflação de abril, que desacelera mas preocupa

A inflação oficial brasileira desacelerou pelo segundo mês consecutivo em abril, fechando em 0,43%, segundo dados divulgados pelo IBGE. Apesar de ser o maior índice para um mês de abril desde 2023, a queda em relação aos 1,31% de fevereiro e 0,56% de março indica uma tendência de arrefecimento. No entanto, o acumulado em 12 meses permanece em 5,53%, acima da meta governamental de 3% (com tolerância de 1,5 pontos percentuais para mais ou para menos). Este resultado mantém a meta descumprida, já que todos os meses de 2025 apresentaram índices acima do teto da meta.
Alimentos e medicamentos foram os principais responsáveis pela inflação de abril, contribuindo com 0,34 pontos percentuais. No grupo de alimentos e bebidas (0,82%), destacam-se a batata-inglesa (18,29%), o tomate (14,32%) e o café moído (4,48%). Em contrapartida, a queda no preço do arroz (-4,19%) e do ovo (-1,29%) ajudou a conter o aumento geral. A alta acumulada do café em 12 meses chegou a 80,2%, a maior desde o início do Plano Real. O gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, atribui a volatilidade dos preços dos alimentos a fatores climáticos.
O grupo saúde e cuidados pessoais também apresentou alta significativa (1,18%), impulsionado pelo reajuste de medicamentos (até 5,09%). Em compensação, o grupo transportes registrou queda (-0,38%), impulsionada pela redução nos preços das passagens aéreas (-14,15%) e dos combustíveis.
O índice de difusão, que mede a proporção de itens com aumento de preços, atingiu 67% no IPCA e 70% nos alimentos, indicando um cenário de alta generalizada. A desaceleração da inflação de serviços (de 0,62% para 0,20%) e a aceleração nos preços controlados pelo governo (de 0,18% para 0,35%) são fatores considerados pelo Banco Central na definição da Selic.
O INPC, que mede a inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos, registrou alta de 0,48% em abril. A diferença entre o IPCA e o INPC reside na ponderação dos grupos de preços, refletindo o maior peso dos alimentos na cesta de consumo das famílias de baixa renda. O INPC impacta diretamente no reajuste salarial de diversas categorias. Em resumo, apesar da desaceleração, a inflação permanece um desafio para o governo e o Banco Central, exigindo atenção contínua às políticas de controle de preços.
