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CIDADES

Primeiras ossadas são descobertas em cemitério de escravizados em Salvador

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Vista interna da parte frontal do Conjunto da Pupuleira em 1983 Foto: IPAC

Arquéologos descobriram as primeiras ossadas, incluindo ossos largos e dentes, que podem indicar a existência de um cemitério de escravizados no centro de Salvador, na Bahia.

O avanço nas escavações, que começaram há 10 dias, foram divulgadas na segunda-feira, 26, pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA).

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Com a descoberta, o MP-BA oficializou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) o pedido para reconhecimento do sítio arqueológico.

Caso seja reconhecido, o local passará a ser conhecido como “Sítio arqueológico Cemitério dos Africanos” e será o maior cemitério de escravizados da América Latina.

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100 mil corpos

Segundo os pesquisadores, o cemitério deve abrigar mais de 100 mil corpos de escravizados, pessoas que viviam à margem da sociedade, como pobres, indigentes, não-batizados, excomungados, suicidas, prostitutas, criminosos e insurgentes.

O susposto cemitério foi localizado no estacionamento do Complexo da Pupileira, pertencente à Santa Casa de Misericórdia da Bahia, no bairro de Nazaré. Também na segunda-feira, o MP-BA oficiou um pedido para que a instituição não utilize mais o espaço onde ocorreram as primeiras escavações.

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A primeira intervenção no solo teve 1×3 metros de diâmetro e a segunda, 2×1 metros, e foi nesse espaço, a 2,7 metros de profundidade que os arqueólogos encontraram as primeiras ossadas.

Os pesquisadores preferiram não divulgar, por enquanto, imagens das ossadas e nem retirá-las do local por se tratar de um patrimônio sensível. O terreno ácido e úmido teria deixado o material extremamente frágil.

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Preservação

Foi colocada uma cobertura nas ossadas encontradas que ajudará na preservação do material. Outros pequenos fragmentos de ossos encontrados pelos pesquisadores serão encaminhados para a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e permanecerão guardados lá até serem decididos os novos passos da pesquisa.

Foram pesquisas de Silvana Olivieri, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que identificaram a existência do cemitério.

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A partir da sobreposição de mapas históricos, análise de registros da Santa Casa e estudos arqueológicos, ela identificou o local como parte do antigo Cemitério do Campo da Pólvora, que teria funcionado entre o final do século XVII e meados do século XIX.

“Esse cemitério foi invisibilizado por camadas de aterro que escondiam a verdadeira história da cidade. Mas ele estava ali, esperando ser encontrado. Estamos diante de uma reparação histórica”, declarou o arqueólogo Luiz Antônio Pacheco.

“Vamos esperar que o sítio arqueológico seja registrado no Iphan e em breve faremos uma audiência pública para discutir com a sociedade e as entidades envolvidas os próximos caminhos para a preservação do local como um bem de natureza cultural material e também imaterial”, afirmou a promotora de Justiça Cristina Seixas.

Antes do início das escavações, que começaram em 14 de maio, foi realizado um ato inter-religioso no estacionamento da Pupileira. Participaram diversas religiosidades negras do candomblé – em suas variantes étnicas, islâmicos e cristãos.

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