RIO BRANCO
Embargos do Ibama no Acre geram crise no setor agropecuário e acirram debates na Assembleia Legislativa

A Assembleia Legislativa do Acre foi palco de um debate acalorado sobre os embargos do Ibama que afetam produtores rurais no estado. Deputados e pecuaristas denunciaram o impacto devastador das medidas, que paralisam a produção agropecuária e causam prejuízos econômicos significativos. O deputado Tanízio Sá (MDB) defendeu os trabalhadores rurais, argumentando que as decisões administrativas são tomadas sem levar em consideração a realidade local e a dependência do Acre do agronegócio. Ele citou o caso do Ramal do Cassirian, em Sena Madureira, onde cerca de 40 mil cabeças de gado podem ser retiradas devido aos embargos, e denunciou ações consideradas truculentas durante as fiscalizações. Sá propôs uma audiência pública com órgãos como Ibama, Incra, Imac, Iteracre e Ministério Público para buscar soluções e criticou a ausência de diálogo e o tratamento dado aos produtores rurais, anunciando que não participará mais de eventos ambientais internacionais como a COP enquanto o Acre for penalizado injustamente. O deputado defendeu a anistia das multas milionárias aplicadas aos produtores. Geraldo Pereira Maia, pecuarista, estima que cerca de 20 mil propriedades rurais podem ser afetadas pelos embargos. O líder do governo, deputado Manoel Moraes, foi ainda mais contundente, afirmando que, sem uma política que respeite os produtores, a independência do Acre do Brasil pode ser uma alternativa. A declaração de Moraes evidencia a gravidade da situação e a crescente insatisfação com as políticas ambientais federais no estado. Uma instrução normativa do Ibama, publicada em abril, justifica os embargos como medida para cessar infrações ambientais, prevenir novas ocorrências, e garantir a recuperação ambiental. A divergência entre a necessidade de preservação ambiental e a realidade socioeconômica do Acre está no centro deste conflito.
