RIO BRANCO
No Acre, feminicídio interrompe sonho de jovem que estudava para ser enfermeira

Auriscléia Lima do Nascimento, de 25 anos, tinha planos. Sonhava em ser enfermeira, concluir os estudos e construir uma vida independente para si e seus dois filhos, a quem dedicava todo o seu amor. A jovem, descrita pela irmã, Rita de Cássia, como alegre, humilde e querida, gostava de estudar, louvar na igreja e celebrar a vida. Mas na manhã de quarta-feira (11), sua trajetória foi brutalmente interrompida por um ato de violência extrema: um feminicídio na zona rural de Capixaba (AC).
O principal suspeito é seu ex-companheiro, Natalino Santiago, com quem Auriscléia viveu por seis anos, marcada por um ciclo de ameaças, agressões e medo. A relação, iniciada na igreja onde Santiago se apresentava falsamente como pastor, escondia um passado sombrio de crimes cometidos pelo acusado. Auriscléia, mesmo matriculada no EJA e com planos de tirar sua CNH Social para maior independência, vivia sob constante ameaça, impedida até mesmo de estudar pelo próprio companheiro. O filho do casal, de oito anos, também foi ferido no ataque, mas já recebeu alta médica.
A tragédia destaca a urgência em reconhecer e combater a violência doméstica. A advogada Tatiana Martins chama a atenção para os sinais muitas vezes ignorados pelas vítimas, aprisionadas em ciclos de opressão e controle. Auriscléia, apesar do medo e da manipulação, tentava romper o ciclo, mas foi silenciada de forma brutal.
A prisão preventiva de Natalino Santiago foi decretada, mas a dor da família permanece. O pedido de Rita de Cássia ecoa o clamor por justiça e memória: que Auriscléia não seja apenas mais uma estatística, mas lembrada pela jovem vibrante e sonhadora que era, e não pela violência que a vitimou. Seu sonho de ser enfermeira, interrompido precocemente, serve como um doloroso alerta sobre a realidade da violência contra a mulher no Brasil.
