BRASIL
Jumentos brasileiros podem desaparecer até 2030

A imagem bucólica do jumento, paciente companheiro de agricultores e símbolo de resistência, corre o risco de se tornar apenas uma lembrança no Brasil. Em menos de três décadas, a população desses animais sofreu um declínio alarmante de 94%, passando de números expressivos em 1996 para uma realidade preocupante em 2025. Se a atual taxa de abate se mantiver, a previsão é catastrófica: a extinção completa dos jumentos brasileiros até 2030.
A raiz desse problema, segundo especialistas, está na voraz demanda chinesa por colágeno de jumento, utilizado na medicina tradicional chinesa. Essa procura insaciável impulsiona um comércio cruel e descontrolado, transformando o Brasil em um fornecedor crucial dessa matéria-prima, apesar da falta de regulamentação e rastreabilidade eficazes nos frigoríficos, principalmente na Bahia, onde a maior parte dos abates acontece.
O cenário, porém, não se limita às fronteiras brasileiras. A quase extinção de jumentos em países como o Egito demonstra a gravidade de um problema global que exige ações coordenadas e urgentes. A conservação da espécie tornou-se uma questão internacional, exigindo cooperação entre países para combater o tráfico ilegal e promover a proteção desses animais.
No Brasil, a esperança reside em duas frentes de ação. A primeira é a luta pela aprovação de um projeto de lei que proíba o abate de jumentos em todo o território nacional, uma medida essencial para frear o massacre silencioso desses animais. A segunda envolve a criação de santuários e a reinserção dos jumentos em atividades como a “jumentoterapia” – prática terapêutica que utiliza a interação com os animais – e na agricultura familiar, resgatando o valor cultural e econômico desses animais e promovendo sua convivência harmoniosa com o homem.
A mobilização pela preservação dos jumentos brasileiros precisa ser intensificada. É necessário pressionar o Congresso Nacional pela aprovação da lei de proibição do abate e apoiar iniciativas que promovam a conservação e o uso sustentável desses animais. O futuro dos jumentos no Brasil depende da ação imediata e coletiva de todos aqueles que reconhecem o valor inestimável dessa espécie e se recusam a permitir seu desaparecimento completo. O silêncio é cúmplice da extinção; a ação é a única esperança de preservação.
