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RIO BRANCO

O Silêncio da Selva: adeus à voz que conectava o Acre

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A mata densa do Acre silencia um pouco mais. Reginaldo Cordeiro, a voz inconfundível que por décadas conectou famílias e comunidades isoladas através das ondas do rádio, faleceu aos 72 anos neste sábado (28), em Rio Branco. Seu legado, porém, ecoará para sempre pelos rios e seringais, um testemunho da importância da comunicação em regiões remotas e da força humana que transcende as barreiras geográficas.

Para muitos acreanos, a voz de Reginaldo era sinônimo de aconchego e esperança. A cada sábado, no programa Correspondente Difusora da rádio Difusora Acreana, ele era a ponte entre a saudade e o reencontro. Com a simplicidade e a afetividade que o caracterizavam, anunciava notícias cruciais: um recado sobre a saúde de um familiar, a alegria de um nascimento, a tristeza de um falecimento, ou até mesmo a lembrança prática de “não esquecer de comprar açúcar e sabão”. Eram informações que transcendiam o mero conteúdo, carregando consigo o peso da conexão humana numa região marcada pela distância e isolamento.

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“Atenção, seu Raimundo [nome fictício], na Colocação Papiri…”, a chamada que ecoava pela selva, anunciando a chegada de notícias preciosas, notícias que, para muitos ouvintes, representavam o único fio condutor com o mundo exterior. Através de sua voz, Reginaldo Cordeiro quebrava a barreira da distância, levando a certeza de que, do outro lado, alguém estava esperando ansiosamente por uma palavra, uma mensagem, um sinal de vida.

A importância desse trabalho pioneiro é retratada no documentário “A Voz das Selvas”, que imortaliza a trajetória de Reginaldo e o impacto de seu programa na vida dos acreanos. As palavras de Inácio Santos, morador do Rio Purus, resumem o sentimento de gratidão e admiração: “O programa do Reginaldo é legal demais, que a gente ouve as mensagens..Eu queria, Reginaldo, que vocês mandassem uma mensagem, e lembrasse da gente aqui (Rio Purus)”. Um pedido prontamente atendido, que simboliza a dedicação e a sensibilidade de Reginaldo em relação à sua audiência.

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Reginaldo Cordeiro, o “Rei do Brega”, deixa um silêncio na selva, mas sua voz, gravada na memória afetiva de milhares, continuará a ecoar, lembrando a todos o poder transformador da comunicação e a importância de conectar corações através da simplicidade e da empatia.

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