MUNDO
Pai de Juliana revela linha do tempo do acidente e aponta negligência: ‘Demorou a acionar a Defesa Civil’

A família de Juliana Marins, brasileira de 26 anos que morreu após cair em um penhasco em uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, denúncia que guia e coordenador do parque onde o acidente aconteceu foram negligentes. Manoel Marins, pai da brasileira, explicou a linha do tempo da queda, no dia 21, até o resgate do corpo da filha.
Segundo ele, no dia da queda Juliana falou ao guia que estava cansada e ele pediu para que ela ficasse sentada, aguardando. “O guia nos disse que ele se afastou por 5 a 10 minutos para fumar. Para fumar! Quando voltou não avistou mais Juliana”, conta em entrevista ao Fantástico deste domingo, 29.
“Isso foi por volta de 4h. Ele só a avistou novamente às 6h08, quando gravou o vídeo e o enviou ao chefe dele”, diz Manoel.
As imagens, exibidas com exclusividade pelo programa, mostram a lanterna do capacete de Juliana ainda acesa após a queda. “Ela caiu em um penhasco”, diz o guia na gravação.
O parque acionou uma brigada de primeiros socorros, que iniciou a subida no Monte por volta das 8h30. No entanto, só chegaram ao local do acidente às 14h. De acordo com o pai de Juliana, eles só tinham uma corda como equipamento para realizar o resgate.
“Jogaram a corda na direção da Juliana. Depois, no desespero, o guia amarrou a corda na cintura e tentou descer sem ancoragem”, lamenta.
A Defesa Civil do país só foi acionada mais tarde. Segundo a família, eles só chegaram por volta das 19h. Na terça-feira, 24, foi constatada a morte da brasileira. A morte de Juliana ocorreu 20 minutos após ela sofrer os ferimentos, na quarta-feira, 25, entre 1h e 13h (horário local), de acordo com a autópsia.
“Os culpados, no meu entendimento, são o Guia, que deixou Juliana sozinha para fumar, 40 ou 50 minutos, tirou os olhos dela. A empresa que vende os passeios, porque esses passeios são vendidos em banquinha como sendo trilhas fáceis de fazer. Mas o primeiro culpado, que eu considero o culpado maior, é o coordenador do Parque. Ele demorou a acionar a Defesa Civil”, lamenta.
O alpinista Abdul Agan conta que ficou sabendo do caso pela internet e sentiu a necessidade de ajudá-la. Ele, que conhece bem o Monte, reuniu uma pequena equipe com outros três socorristas e passou a noite no penhasco.
“Eu me machuquei, um amigo meu foi internado no hospital. Muitas vezes caíam pedras perto da nossa cabeça. Me senti muito decepcionado porque eu esperava que Juliana ainda estivesse viva”, lamentou Agan.
Ele diz que, nos últimos dez anos, já resgatou mais de 20 turistas vivos e nove mortos no Rinjani. Agan também agradeceu ao carinho dos brasileiros. “Eu só quero pedir desculpa para a família por não conseguir salvar Juliana”, disse.
