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Número de mortos em enchentes no Texas chega a 80, incluindo 28 crianças

O número de mortos em enchentes catastróficas no Texas chegou a 80 neste domingo, 6, incluindo 28 crianças, informou a polícia, enquanto as buscas por meninas desaparecidas de um acampamento de verão entravam no terceiro dia.
Larry Leitha, xerife do Condado de Kerr, em Texas Hill Country, epicentro das enchentes, disse que 11 meninas e uma conselheira continuam desaparecidas de um acampamento perto do Rio Guadalupe, que transbordou após chuvas torrenciais que atingiram a região central do Texas na sexta-feira, feriado do Dia da Independência dos EUA.
Autoridades disseram no sábado que mais de 850 pessoas foram resgatadas, incluindo algumas agarradas a árvores, depois que uma tempestade repentina despejou até 38 cm de chuva na região, cerca de 140 km a noroeste de San Antonio. Não estava claro exatamente quantas pessoas na área ainda estavam desaparecidas.
“Todos na comunidade estão sofrendo”, disse Leitha aos repórteres.
A Agência federal de gestão de emergências (Fema, na sigla em inglês) foi acionada no domingo e está enviando recursos para socorristas no Texas após o presidente Donald Trump emitir uma declaração de desastre grave, informou o Departamento de Segurança Interna em um comunicado.
Helicópteros e aviões da Guarda Costeira dos Estados Unidos estão auxiliando nos esforços de busca e resgate.
Alguns especialistas questionaram se os cortes na força de trabalho federal pelo governo Trump, incluindo na agência que supervisiona o Serviço Nacional de Meteorologia, levaram as autoridades a não prever com precisão a gravidade das enchentes e emitir alertas apropriados antes da tempestade.
O presidente Donald Trump e seu governo realizaram milhares de cortes de empregos na agência controladora do Serviço Nacional de Meteorologia, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, deixando muitos escritórios de meteorologia com falta de pessoal, disse o ex-diretor da NOAA, Rick Spinrad.
Ele disse que não sabia se esses cortes de pessoal foram responsáveis pela falta de aviso prévio para as inundações extremas do Texas, mas disse que eles inevitavelmente degradariam a capacidade da agência de fornecer previsões precisas e oportunas.
A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, que supervisiona a NOAA, disse que um alerta de inundação “moderado” emitido na quinta-feira pelo Serviço Nacional de Meteorologia não previu com precisão as chuvas extremas e disse que o governo Trump estava trabalhando para atualizar o sistema.
A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Joaquin Castro, congressista democrata do Texas, disse ao programa “State of the Union” da CNN que a redução de pessoal no serviço meteorológico poderia ser perigosa.
“Quando há inundações repentinas, existe o risco de que, se não houver pessoal… para fazer essa análise, fazer as previsões da melhor maneira, isso possa levar a uma tragédia”, disse Castro.
MAIS CHUVAS
Mais chuvas eram esperadas na área no domingo. O Serviço Nacional de Meteorologia emitiu um alerta de inundação para o condado de Kerr, o epicentro do desastre, até as 13 horas, horário local.
A tragédia se desenrolou rapidamente na manhã de sexta-feira, quando uma chuva mais forte do que o previsto fez com que as águas do rio subissem rapidamente até 9 metros de altura.
Um dia após o desastre, o acampamento era um cenário de devastação.
Dentro de uma cabana, as linhas de lama que indicavam a altura em que a água havia subido estavam a pelo menos 1,83 metro do chão. Estrados de camas, colchões e pertences pessoais cobertos de lama estavam espalhados em seu interior. Alguns edifícios tinham janelas quebradas e um deles tinha uma parede faltando.
