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Acre está em terceiro lugar no ranking de emendas parlamentares por habitante: um retrato da desigualdade na distribuição de recursos

Um levantamento do UOL revela que o Acre ocupa a terceira posição nacional no ranking de estados que mais receberam recursos de emendas parlamentares por habitante, com R$ 1.766 por morador entre janeiro de 2020 e maio de 2025. Apesar do alto valor proporcional, essa posição destaca uma distorção na distribuição de recursos, evidenciando como o sistema privilegia estados menores em detrimento de critérios sociais.
Apenas Roraima (R$ 2.946 por habitante) e Amapá (R$ 2.380 por habitante) superaram o Acre nesse indicador. Essa concentração de recursos em estados com menor população e número de municípios é consequência da lógica política que rege a distribuição das emendas, baseada no número de parlamentares e não em indicadores de necessidade social. No Acre, oito deputados federais e três senadores influenciam diretamente a alocação dos recursos entre as 22 prefeituras.
O caso de Roraima exemplifica os perigos dessa distorção. A cidade de São Luiz do Anauá, com apenas 7 mil habitantes, recebeu R$ 17,4 mil por morador em emendas – 33 vezes acima da média nacional. Apesar disso, a cidade decretou calamidade financeira, levantando suspeitas de desvios de recursos e obras inacabadas. Esse cenário ilustra a fragilidade do sistema atual e a necessidade de revisão dos critérios de distribuição de emendas parlamentares, buscando maior transparência e equidade na alocação de recursos públicos, garantindo que o investimento atenda efetivamente às necessidades da população e promova o desenvolvimento sustentável. A alta concentração de recursos no Acre, embora aparentemente positiva em termos proporcionais, precisa ser analisada criticamente, considerando a possibilidade de desequilíbrios e a necessidade de mecanismos para garantir a correta aplicação dos recursos.
