Cortes no Bolsa Família atingem mais de 13 mil famílias em Mato Grosso

Mato Grosso teve mais de 13 mil famílias excluídas do Bolsa Família no mês de julho, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS). Esses cortes integram o processo de reestruturação do programa, promovido pelo Governo Federal, que resultou na retirada de quase 1 milhão de beneficiários em todo o país.

Diante do orçamento restrito e das mudanças nas regras de elegibilidade, o governo já vinha promovendo bloqueios mensais desde o início de 2025. No entanto, o volume de exclusões registrado em julho surpreendeu até mesmo técnicos da área. Trata-se da primeira vez, desde 2022, que o número de beneficiários do programa fica abaixo de 20 milhões de famílias.

Em Mato Grosso, o total de beneficiários caiu de 244.306, em junho, para 230.954, em julho — uma redução de 13.352 famílias. O Estado ocupou a 16ª posição entre as unidades federativas com maior número de cortes, ficando à frente de Mato Grosso do Sul (10.911 cortes) e do Distrito Federal (9.159 cortes).

O Governo Federal alegou que a redução decorre de um “aumento de renda” das famílias. Contudo, os dados indicam que muitas pessoas foram excluídas por não atenderem aos novos critérios estabelecidos após a revisão das normas do programa. Especialistas afirmam que, até recentemente, havia certa tolerância em relação a cadastros irregulares ou desatualizados.

Municípios mais afetados

Os cortes em Mato Grosso atingiram, principalmente, os municípios com maior população e índice de vulnerabilidade social. Segundo levantamento realizado com base em dados do MDS e da Secretaria Estadual de Assistência Social, os cinco municípios mais impactados foram:

Cuiabá – mais de 2.300 famílias excluídas;

Várzea Grande – 1.364 famílias;

Rondonópolis – 835 famílias;

Cáceres – 591 famílias

Outros municípios que registraram centenas de cortes incluem Sinop, Tangará da Serra, Sorriso, Barra do Garças, Alta Floresta e Lucas do Rio Verde. Nos municípios de menor porte, o impacto proporcional também chama a atenção, uma vez que muitas famílias dependem exclusivamente do benefício e, agora, enfrentam um cenário de insegurança alimentar, sem aviso prévio acerca da suspensão do auxílio.