RIO BRANCO
Parlamento Mirim se apequena mais uma vez diante das ordens do prefeito sobre CPI de superintendente do RBTrans

Precisando de cinco assinaturas para instaurar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre denúncias de assédio moral supostamente praticado pelo secretário Clendes Vilas Boas, do RBTrans, os vereadores de oposição conseguiram apenas três apoios até agora. Nem mesmo as duas únicas vereadoras se manifestaram favoráveis à investigação, mesmo diante de denúncias que teriam sido feitas por mulheres. Em outras palavras, o discurso de “temos que defender nossas mulheres” não resiste quando o prefeito Tião Bocalom determina que se abafem os casos para proteger aliados.
A pergunta é: para que servem os vereadores, se nem coragem de abrir uma CPI para investigar denúncias graves dessa natureza eles demonstram? Que discurso é esse de “precisamos defender nossas mulheres” se, quando a denúncia envolve a prefeitura e suas secretarias, o problema parece deixar de ser crime e a apuração não é necessária?
Nem mesmo as acusações gravíssimas de crime eleitoral, por compra de votos, feitas pelo próprio Vilas Boas, foram suficientes para despertar senso de justiça nos parlamentares. Bastou um pedido formal de desculpas para que todos esquecessem a declaração do secretário: “Não fica nenhum”.
Se o próprio secretário afirma não temer porque estaria com a verdade, qual seria então o impedimento para os vereadores abrirem uma CPI que investigue o caso e coloque fim às suspeitas, provando sua inocência? Estariam eles receosos das ameaças de Vilas Boas sobre possíveis provas de crimes eleitorais? Ou o medo seria perder cargos comissionados? Haveria ainda outros motivos não revelados?
A defesa cega e exacerbada dos “amigos do prefeito” é um desrespeito aos eleitores. Ou já esqueceram do pastor que perseguia servidores na Seme, e que, mesmo sem qualquer experiência na área de construção civil, foi nomeado secretário adjunto no projeto das 1001 Dignidades? Permanece “mamando nas tetas” da máquina pública apenas por ser “persona mui grata” ao prefeito.
Na sessão desta terça-feira (19), o máximo que se viu, além dos discursos indignados da oposição, foi a reapresentação do pedido de afastamento de Clendes Vilas Boas. O detalhe é que esse requerimento já havia sido protocolado pelo vereador Fábio Araújo na semana passada, mas foi ignorado e sequer colocado em pauta. Hoje, a base governista apresentou um documento idêntico. Dessa vez, o pedido contou com a assinatura da vereadora Elzinha, ao contrário de Lucilene Vale, que não subscreveu nem mesmo pelo afastamento do secretário. Outros nove vereadores também assinaram o requerimento: Márcio Mustafá (líder do prefeito), Leôncio Castro, Aiache, Bruno Moraes, Moacir Júnior, Felipe Tchê, João Paulo Silva, Matheus Paiva e Samir Bestene.
