Inquéritos no STF

Já Eduardo Bolsonaro se mudou para os Estados Unidos em março dizendo que só retornaria ao Brasil após conseguir o impeachment de Alexandre de Moraes e a liberdade do pai, Jair Bolsonaro. O parlamentar conseguiu que o governo de Donald Trump impusesse sanções a Moraes e outros ministros. O presidente norte-americano também impôs tarifas de 50% a produtos brasileiros, sob alegação de defender o aliado Jair Bolsonaro contra o judiciário brasileiro de uma suposta “perseguição”.

Por outro lado, as ações de Trump e Eduardo não impediram o STF de  marcar para 2 de setembro o início do julgamento de Bolsonaro e dos outros sete réus. A expectativa é que a ação seja analisada até 12 de setembro. O Supremo ainda abriu outro inquérito contra Eduardo e o pai, por causa da atuação do deputado nos EUA.

A decisão atendeu a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Ela apontou que Eduardo tem reiteradamente feito declarações públicas e postagens em redes sociais em que afirma estar atuando para que o governo norte-americano imponha sanções a ministros do STF e a integrantes da PGR e da PF pelo que considera ser uma perseguição política a ele e a seu pai.

De acordo com a representação criminal do Ministério Público, as manifestações têm tom intimidatório e vêm se intensificando à medida em que avança a tramitação da ação penal em que o ex-presidente é acusado de liderar uma organização criminosa para atentar contra o Estado democrático de direito após as eleições de 2022. Também aponta a pretensão do parlamentar de perturbar os trabalhos técnicos desenvolvidos no inquérito das fake news, que apura ataques ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Moraes mandou a PF monitorar conteúdos publicados por Eduardo Bolsonaro nas redes sociais e colher o testemunho do ex-presidente, que declarou ser responsável financeiro pela manutenção de seu filho nos EUA. Dois meses depois, Moraes decretou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, por considerar que ele violou a medida cautelar que o proibia de usar as redes sociais, inclusive por meio de terceiros, ao participar remotamente de manifestações contra o STF em 3 de agosto de 2025.

Jair Bolsonaro discursou em Copacabana pelo celular do filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e teve a imagem pelo celular exibida também em São Paulo pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), além da postagem do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL), outro filho do ex-presidente. O ministro do STF apontou descumprimento deliberado por Bolsonaro das medidas restritivas, a última vez durante os atos de 3 de agosto. Para o ministro, houve uma “atuação coordenada dos filhos de Jair Messias Bolsonaro a partir de mensagens de ataques ao Supremo Tribunal Federal, com o evidente intuito de interferir no julgamento da AP 2.668/DF (ação penal do golpe de Estado)”.