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Defesa de Braga Netto contesta delação de Cid em julgamento no STF sobre tentativa de golpe

Brasília, DF – Em meio ao julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, o advogado José Luis Oliveira Lima, defensor de Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, questionou veementemente a delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). A sessão, realizada nesta quarta-feira (3), marcou a fase de sustentação oral dos advogados dos oito réus.
“Isso é Farsa”, afirma defesa
A defesa de Braga Netto argumentou que a delação de Cid não se sustenta e criticou a possibilidade de uma condenação baseada em múltiplas versões do depoimento. “Vai se condenar uma pessoa com base em sete versões? Isso não é prova, isso é farsa, isso é uma mentira de quem não respeita ninguém e de quem não tem credibilidade”, declarou Lima.
No STF, o advogado defendeu a absolvição de seu cliente e questionou a credibilidade de Cid, referindo-se à delação premiada em outras ocasiões. “Não é possível dar credibilidade a este réu delator. Meu cliente está preso com base na delação dele. Foi esse fato que trouxe a prisão do meu cliente”, completou.
Lima também criticou o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, chamando-o de “irresponsável”.
Mauro Cid está no centro do julgamento da suposta trama golpista após o acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF), firmado em 2023. Seus depoimentos revelaram um suposto plano de golpe, venda de joias sauditas, fraude em cartões de vacinação e a existência de um “gabinete do ódio”.
A delação foi homologada pelo Supremo e serviu de base para a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas de participarem de uma trama golpista para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022.
A sessão desta quarta-feira (3) encerrou a fase de sustentação oral dos advogados dos réus. O julgamento será retomado na próxima terça-feira (9), com os votos dos ministros do STF.
Quem são os réus do núcleo 1?
Além de Jair Bolsonaro, o núcleo crucial do plano de golpe conta com outros sete réus:
-Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-presidente da Abin;
-Almir Garnier, almirante de esquadra que comandou a Marinha no governo Bolsonaro;
-Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro;
-Augusto Heleno, ex-ministro do GSI de Bolsonaro;
-Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
-Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa de Bolsonaro;
-Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo de Bolsonaro.
Crimes acusados
Bolsonaro e os demais réus respondem a cinco crimes:
-Organização criminosa armada;
-Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
-Golpe de Estado;
-Dano qualificado pela violência e ameaça grave;
-Deterioração de patrimônio tombado.
A exceção é Ramagem, que responde somente aos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, devido à suspensão da ação penal contra ele pela Câmara dos Deputados.
