RIO BRANCO
Audiência pública alerta para aumento de tentativas de suicídio entre crianças em Rio Branco

Rio Branco, AC – Uma audiência pública realizada na Câmara Municipal de Rio Branco nesta terça-feira (9) trouxe à tona uma preocupante realidade: o aumento de casos de ideação suicida e tentativas de suicídio entre crianças. A psicóloga Josiane Furtado, atuante no Pronto-Socorro da capital, fez um alerta sobre a urgência de ações contínuas em saúde mental para lidar com essa questão.
O debate, intitulado “Saúde Mental e Prevenção ao Suicídio”, reuniu vereadores, profissionais de saúde e membros da sociedade civil para desmistificar tabus, combater preconceitos e promover o cuidado psicológico ao longo de todo o ano, não apenas durante campanhas específicas. Josiane Furtado enfatizou que a saúde mental não pode ser tratada de forma isolada, mas sim integrada às rotinas anuais de saúde pública para uma abordagem mais efetiva e sustentável.
Um dos pontos mais alarmantes levantados pela psicóloga foi o aumento de entradas no Pronto-Socorro de crianças com ideação suicida ou tentativas de suicídio. A faixa etária desses pacientes tem se tornado cada vez mais jovem, com casos envolvendo crianças de 8, 9 e 12 anos. “Temos uma faixa de pacientes com 12, 9, já atendemos até 8 anos”, exemplificou Josiane.
Embora o número de casos mensais não seja elevado – cerca de 3 a 4 por ano em uma região que abrange todo o Acre e partes do Amazonas –, a gravidade de cada ocorrência foi ressaltada. “Quando a gente tem uma criança de 8 anos que tenta suicídio, é grave”, enfatizou a psicóloga.
Josiane Furtado reforçou que o atendimento não se limita à criança, mas se estende a toda a família. “E quando a gente fala de uma criança, a gente não fala só de uma criança, a gente fala também da família. E aí a gente tem, em média, às vezes por ano, 3, 4 crianças. O quantitativo pode não ser grande, mas uma criança pensar em suicídio é um trabalho grande, que a rede tem que saber como agir com essa criança.”
Fluxo de Encaminhamento e Rede de Apoio
Durante a audiência, foi discutido o fluxo de encaminhamento para esses casos. Após a alta hospitalar, as crianças são encaminhadas ao Conselho Tutelar, Serviço Social e redes de apoio. “Semana passada a gente teve uma entrada e a gente já tem quando essa criança tiver alta, além da notificação com conselho tutelar, serviço social, a gente tem que fazer um encaminhamento para essa criança e aí ela vai ser atendida onde? Em qual rede?”, detalhou a profissional.
Embora o Hospital das Crianças em Tucumã, um serviço estadual especializado, seja uma opção para casos graves, a rede municipal é considerada fundamental para o acompanhamento contínuo.
Onde buscar ajuda
Para quem precisa de apoio emocional, o acolhimento inicial pode ser feito através do número 188, o número do Centro de Valorização da Vida (CVV), que é válido em todo o território nacional e é gratuito. Além disso, o site Mapa da Saúde Mental pode ser utilizado para encontrar um serviço mais próximo, trazendo informações sobre acolhimentos gratuitos ou de baixo custo.
