Bolsonaro retorna à prisão domiciliar após procedimento médico e condenação histórica

Brasília, DF – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) retornou à sua residência no Jardim Botânico, em Brasília (DF), na tarde deste domingo (14/9), após passar por um procedimento dermatológico no hospital DF Star. A breve saída marcou a primeira vez que o ex-chefe do Executivo deixou a prisão domiciliar desde que foi condenado por tentativa de golpe de estado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em uma decisão histórica que lhe impôs uma pena de 27 anos e 3 meses.

Bolsonaro chegou ao hospital às 8 horas da manhã para a cirurgia, que teve início às 10 horas. Foram removidas oito lesões de pele, e os exames revelaram um quadro de anemia e resquícios de pneumonia, conforme o boletim médico divulgado após a alta. O médico Cláudio Birolini informou que a anemia foi causada por uma alimentação inadequada no último mês, classificando a saúde do ex-presidente como “fragilizada”. Os resultados dos exames anatomo-patológicos das lesões serão disponibilizados nos próximos dias para avaliação e definição de tratamento complementar.

Na saída do hospital, Bolsonaro foi recebido por apoiadores que cantaram o hino nacional e manifestaram apoio. O deslocamento contou com uma escolta de sete carros e seis motos da Polícia Penal do Distrito Federal, conforme autorização do ministro do STF Alexandre de Moraes. Os filhos Jair Renan (PL) e Carlos Bolsonaro (PL) acompanharam o ex-presidente. A Polícia Militar do Distrito Federal reforçou a segurança no entorno do hospital.

O pedido de liberação para o procedimento dermatológico foi acompanhado de um relatório médico que recomendava a remoção de múltiplas lesões cutâneas, incluindo “nevo melanocítico de tronco” e “neoplasia de comportamento incerto da pele”. O ministro Alexandre de Moraes autorizou a saída, mas ressaltou que Bolsonaro permanece sujeito às medidas cautelares, como a proibição de usar redes sociais e a obrigatoriedade do uso de tornozeleira eletrônica, imposta em 18 de julho devido ao risco de fuga. O ex-presidente deve apresentar um atestado de comparecimento em até 48 horas após o procedimento.

Na quinta-feira (11/9), a Primeira Turma do STF condenou Bolsonaro e outros sete réus na ação penal da trama golpista. Além de golpe de estado, Bolsonaro foi condenado por tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, organização criminosa armada, dano qualificado contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Desde 4 de agosto, o ex-presidente cumpre prisão domiciliar por descumprimento de medidas cautelares anteriores. A execução da pena de 27 anos e 3 meses aguarda o trânsito em julgado do processo.