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Trabalho Infantil Persiste: Região Norte Lidera proporção, aponta IBGE

Brasília, DF – Um estudo recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que a Região Norte do Brasil concentra a maior proporção de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (19) pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), mostram que 6,2% da população de 5 a 17 anos da região encontrava-se nessa condição em 2024.
Apesar de não liderar em números absolutos, o Norte registrou 248 mil crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil no ano passado. Embora o contingente represente uma queda de 12,1% em relação a 2023 (282 mil), o percentual ainda supera a média nacional (4,3%) e evidencia a desigualdade regional. Nordeste (5,0%) e Centro-Oeste (4,9%) também apresentam índices preocupantes.
Em números absolutos, o Nordeste lidera com 547 mil crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, seguido pelo Sudeste (475 mil), Norte (248 mil), Sul (226 mil) e Centro-Oeste (153 mil). O Sudeste, apesar de ser a região mais populosa do país, apresentou o menor percentual proporcional: 3,3%.
O recorte das crianças mais novas, de 5 a 13 anos, também revela uma situação alarmante no Norte e no Nordeste. Nessas regiões, 2,4% e 2,3% da população nessa faixa etária, respectivamente, encontrava-se em situação de trabalho infantil, concentrando mais de 60% dos casos em todo o país.
Em todo o Brasil, 1,65 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos estavam em situação de trabalho infantil em 2024, o que corresponde a 4,3% dessa população. O número é 34 mil maior que o registrado em 2023, quando a proporção atingiu o menor patamar da série histórica (4,2%).
Desse total, 1,195 milhão realizavam atividades econômicas e 455 mil produziam apenas para consumo próprio. A remuneração média era de R$ 845 mensais, mas variava conforme a carga horária: adolescentes que trabalhavam 40 horas ou mais recebiam, em média, R$ 1.259.
O levantamento mostra que o trabalho infantil está concentrado na faixa etária de 16 e 17 anos, que responde por 55,5% dos casos. Crianças de 5 a 13 anos e adolescentes de 14 e 15 anos representam cerca de 22% cada.
A pesquisa também evidenciou disparidades raciais e de gênero. Pretos e pardos, que representam 59,7% da população de 5 a 17 anos, correspondem a 66,6% das crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. Já os brancos, que são 39,4% dessa população, aparecem com 32,8% dos casos.
No recorte por gênero, os meninos são maioria: representam 51,2% da população de 5 a 17 anos, mas 66% dos trabalhadores infantis.
