MUNDO
“Perseguição política”: Trump critica Brasil e elogia Lula na ONU

Em discurso na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (23/9), o presidente dos Estados Unidos disse ter conversado brevemente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está em Nova York para o evento, e fez elogios ao líder brasieliro. Antes de elogiar Lula, porém, Trump fez críticas ao sistema judicial do Brasil, que foi a fonte primária da crise diplomática entre os dois países.
“Ele [Lula] parece um homem muito agradável, eu gosto dele e ele gosta de mim. E eu gosto de fazer negócios com pessoas que eu gosto. Quando eu não gosto de uma pessoa, eu não gosto, mas tivemos ali esses 30 segundos ali, foi uma coisa muito rápida, mas foi uma química excelente. Isso foi um bom sinal”, disse Trump, já no fim de seu discurso.
De acordo com o norte-americano, o encontro aconteceu de forma breve. Teriam sido cerca de 20 segundos, espaço de tempo suficiente para um abraço, em cumprimento, e um acordo de encontro, previsto para a próxima semana.
Antes de elogiar Lula, entretanto, Trump fez críticas ao sistema judicial do Brasil. “O Brasil agora enfrenta tarifas pesadas em resposta aos seus esforços sem precedentes para interferir nos direitos e liberdades dos nossos cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, armamento, corrupção judicial e perseguição de críticos políticos nos Estados Unidos”, disse o republicano.
Lula foi o primeiro a discursar e aproveitou o espaço para realizar uma indireta ao presidente dos Estados Unidos. Ele fez críticas às “sanções arbitrárias” e defendeu que “não há justificativa para a agressão contra a independência do Judiciário” no Brasil.
“Atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando regra. Existe um evidente paralelo entre a crise do multilateralismo e o enfraquecimento da democracia”, afirmou Lula. “Ex-chefe de estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito foi investigado, indiciado, julgado e responsabilizado pelos seus atos. […] Diante dos olhos do mundo o Brasil deu um recado a todos os candidatos autocratas e aqueles que os apoiam”, completou o brasileiro.
A fala ocorreu um dia após o governo Trump ampliar as sanções a autoridades brasileiras e ao entorno do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como represália à condenação de Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.
Além daqueles sancionados pela Lei Magnistky, o governo dos EUA tirou o visto de sete autoridades brasileiras nessa segunda-feira (22/9). As autoridades foram sancionadas porque, na visão dos Estados Unidos, atuaram para impedir a liberdade de expressão ao bloquear perfis de usuários em redes sociais.
Os impactados foram Jorge Messias, advogado-geral da União; José Levi, ex-secretário-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na gestão de Alexandre de Moraes; Benedito Gonçalves, ex-ministro do TSE; Airton Vieira, juiz auxiliar de Moraes no STF.
Também estão na lista Marco Antonio Martin Vargas, ex-assessor eleitoral; Rafael Henrique Tamai Rocha, juiz auxiliar de Moraes; e Cristina Yukiko Kushara, chefe de gabinete de Alexandre de Moraes.
Os parentes imediatos, como cônjuges e filhos, das autoridades acima também tiveram os vistos cancelados.
