POLÍTICA
“Se o prefeito sabe de corrupção e não denuncia, está prevaricando”, reage André Kamai após acusação de Bocalom contra vereadores

A fala do prefeito Tião Bocalom, que em entrevista afirmou “saber quem eram os vereadores que recebiam mensalinho [propina] das empresas de ônibus nas gestões passadas”, gerou indignação e revolta no plenário da Câmara Municipal de Rio Branco. A declaração, feita em rede de televisão, expôs sem provas toda uma legislatura a acusações de corrupção e, para o vereador André Kamai (PT), trata-se de uma atitude irresponsável e covarde.
“É muito grave. O prefeito disse que sabe quem eram os vereadores que recebiam propina. Ora, se ele realmente sabe, ele tem a obrigação de denunciar ao Ministério Público. Caso contrário, está prevaricando e se tornando cúmplice de um processo de corrupção”, destacou Kamai.
O parlamentar aproveitou a tribuna para prestar solidariedade a colegas atingidos pela fala do prefeito. “Convivi com vereadores como Raimundo Neném, Elzinha e Antônio Moraes. São pessoas honestas, nunca, em momento algum, trataram comigo qualquer questão de corrupção. Hoje, mesmo apoiando o prefeito, foram chamados por ele de mensaleiros. Isso é uma calúnia que não pode ficar sem resposta”, afirmou.
Para Kamai, o prefeito buscou criar uma cortina de fumaça para desviar o foco das denúncias sobre a relação “espúria” entre a Prefeitura e a empresa Ricco Transportes, beneficiada por um aumento milionário de subsídio sem qualquer contrapartida para melhorar o transporte coletivo. “Bocalom ficou desesperado porque questionaram seu cliente, a Ricco. Chegou ao ponto de mandar o secretário da Casa Civil à Câmara, algo inédito, apenas para defender o reajuste dessa empresa. Nunca veio aqui para discutir os problemas do povo, mas veio para proteger a Ricco”, criticou.
O vereador ainda ironizou o discurso moralista de Bocalom. “Quero saber como o prefeito, que se coloca como paladino da moralidade, conseguiu, com um salário de professor, virar fazendeiro e morar no Ipase, onde só o terreno custa mais de R$ 150 mil. Isso sim é um milagre. Talvez ele devesse ser palestrante em curso de educação financeira, porque conseguiu o que nenhum trabalhador honesto consegue”, ironizou.
Para Kamai, o episódio revela o perfil de um gestor que “opta sempre pela mentira” e que ataca adversários ou até aliados quando se vê acuado. “É lamentável que Rio Branco tenha um prefeito que, em vez de cuidar da cidade, prefere atacar vereadores com narrativas mentirosas e calúnias. Se há crime, que ele prove. Se não há, que peça desculpas públicas à Câmara e ao povo de Rio Branco”, finalizou.
