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Após mais de 30 anos, maior estelionatária do Brasil deixa Tremembé

Depois de cumprir mais de três décadas de prisão, Dominique Cristina Scharf, conhecida como a maior estelionatária do país, deixou a penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. Aos 65 anos, a detenta teve a pena prolongada por conta de duas tentativas frustradas de fuga. A saída ocorreu em junho, conforme informou a Secretaria da Administração Penitenciária ao Terra.
Durante o período de prisão, ela conviveu com outros nomes reconhecidos do crime, como Suzane Richthofen e Elize Matsunaga, mas afirmou que não se identificava com crimes como assassinato. Dominique pretende recomeçar fora dos muros da prisão e já planeja abrir uma confecção de roupas de tricô, técnica que aprendeu durante os anos de cumprimento de pena.
Da elite paulista ao crime
Nascida em 1960, em São Paulo, filha de pai norte-americano e mãe alemã, Dominique cresceu em uma família de classe alta e estudou em colégios particulares de prestígio. Ainda na juventude, começou a praticar pequenos furtos. O envolvimento com crimes se intensificou após a morte do pai e o afastamento da mãe.
Aos 21 anos, foi presa pela primeira vez, o que foi o início de uma longa trajetória criminal. Entre as décadas de 1980 e 1990, acumulou dezenas de inquéritos por estelionato, falsificação de documentos, furtos e até assaltos à mão armada. Com o tempo, se especializou em fraudes financeiras, criando identidades falsas e enganando desde empresários a instituições bancárias.
Também ficou conhecida por aplicar golpes envolvendo joias falsas, cheques adulterados e chantagens contra homens casados. A lista de crimes incluía ainda clonagem de veículos, tráfico de armas e participação em quadrilhas especializadas em adulterar carros roubados no Brasil para revendê-los no Paraguai.
Durante os anos de atuação criminosa, hospedava-se em hotéis de luxo e frequentava restaurantes caros sem pagar as contas. Em algumas ocasiões, chegou a inserir insetos em pratos para evitar pagar a conta.
No auge de sua trajetória, chegou a responder a 20 processos penais simultaneamente. Em 2016, suas condenações foram unificadas pelo Departamento de Execuções Criminais, totalizando 57 anos, 11 meses e 10 dias de prisão.
Tentativas de fuga
Em uma das tentativas de fuga, cortou o alambrado do Carandiru com um alicate, mas acabou capturada ao tentar atravessar um córrego próximo. Em outra ocasião, em Ribeirão Preto, usou uma estrutura improvisada para escalar uma muralha de seis metros, mas foi recapturada. Caso não tenha sido reincidente, Dominique teria obtido liberdade no início dos anos 2010, visto que o teto de pena da época era de 30 anos.
