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POLÍTICA

Câmara impõe derrota ao governo Lula, e MP que aumentava tributos perde a validade

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Câmara dos Deputados decide retirar de pauta a MP dos tributos e impõe revés ao governo Lula. Foto: CartaCapital

A Câmara dos Deputados impôs, nesta quarta-feira, uma derrota ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao deixar caducar a medida provisória que elevava tributos e previa reforçar o caixa da União. Por 251 votos a 193, os deputados aprovaram a retirada da MP da pauta, impedindo que o texto fosse analisado no mérito.

A medida, apresentada em julho, previa aumentar a tributação sobre investimentos e juros sobre capital próprio. O Planalto calculava uma arrecadação de até R$ 20 bilhões, mas o valor havia sido reduzido para R$ 17 bilhões após negociações do relator, Carlos Zarattini (PT-SP).

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Nos bastidores, o episódio foi lido como a consolidação do “efeito Tarcísio” — expressão usada por parlamentares para definir a influência crescente do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, nas articulações de bastidor da Câmara.

Interlocutores relatam que, desde a terça-feira, aliados do governador intensificaram as conversas com deputados de centro e centro-direita, pedindo resistência à MP. As movimentações partiram do núcleo político de Tarcísio e tiveram efeito imediato: líderes de partidos como União Brasil e Progressistas — até então na base — decidiram aderir à obstrução, selando o revés do governo.

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Enquanto isso, o entorno de Lula atuou em duas frentes. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, fez ligações pessoais para parlamentares indecisos, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, passou o dia no Congresso tentando reverter votos. Nem a intervenção direta do presidente, que chamou de “pobreza de espírito extraordinária” misturar a pauta fiscal com cálculos eleitorais, impediu a derrota.

Aliados de Lula classificaram o desfecho como “sabotagem política”, e apontaram Tarcísio como articulador silencioso da ofensiva. “O que está acontecendo hoje é um ato de sabotagem contra o Brasil”, disse o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ).

O Planalto agora precisa buscar novas fontes de receita para cobrir o rombo deixado pela MP. A equipe econômica admite que, sem a arrecadação extra, cortes serão inevitáveis — inclusive em emendas parlamentares, que somam cerca de R$ 10 bilhões.

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Com o Centrão reorganizado e Tarcísio projetando influência nacional, a derrota na Câmara expôs uma nova correlação de forças no Congresso. O campo de batalha, até então restrito à política fiscal, passou a ser também um termômetro para 2026.

 

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