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‘Perdeu, mané’, ‘déficit de civilidade’: relembre frases marcantes de Barroso, que anunciou aposentadoria antecipada do STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, anunciou que irá se aposentar da Corte de forma antecipada. No cargo desde 2013, em meio aos feitos como ministro, frases ditas por Barroso marcaram sua trajetória. Relembre algumas delas!
Perdeu, mané
Após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, Barroso foi abordado em uma rua de Nova York, nos Estados Unidos, por apoiadores do então presidente que não conseguiu a reeleição. Ao questionarem o ministro sobre o resultado das urnas, ele respondeu: “Perdeu, mané. Não amola”.
Foi, inclusive, essa frase que foi escrita por ‘Débora do Batom’ na estátua do Supremo, durante os atos antidemocráticos de 8 de Janeiro, como afronta aos Poderes.
‘Déficit imenso de civilidade’
Enquanto Barroso presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2022, ele foi interrompido durante uma palestra no Forum Brazil UK promovido por estudantes das universidades Oxford e London School of Economics and Political Science (LSE). “Esse é um dos problemas que nós estamos vivendo no Brasil, um déficit imenso de civilidade. Precisamos resgatar a capacidade de divergir com respeito, viramos um país de ofensas”, disse, ao comentar a situação na época.
‘Pitadas de psicopatia’
Em 2018, durante sessão transmitida ao vivo pela TV Justiça sobre ação movida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre doações para campanhas eleitorais, Barroso e Gilmar protagonizaram um embate histórico. Na ocasião, Barroso afirmou que o colega era a mistura do mal com o atraso, agia por interesses estranhos à Justiça e desmoralizava a Corte.
“Me deixa de fora desse seu mau sentimento, você é uma pessoa horrível, uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia. Vossa Excelência não consegue articular um argumento, fica procurando ofender as pessoas. A vida para Vossa Excelência é ofender as pessoas. Não tem nenhuma ideia, nenhuma”, declarou
Nesta quinta-feira, na despedida de Barroso, Gilmar Mendes não mencionou o episódio diretamente, mas fez questão de demonstrar respeito ao colega que deixará a Corte. “Sua Excelência sabe do apoio que emprestei — e não foi nenhum favor, mas um dever cívico durante esses dois anos, certamente os mais difíceis da minha vivência no tribunal. Não guardo mágoas. O compromisso tem que ser com a instituição”, afirmou Gilmar.
‘Conhecereis a mentira’
Como presidente do TSE, durante o 7 de Setembro de 2021, Barroso defendeu a lisura do processo eleitoral brasileiro após ataques de Jair Bolsonaro ao sistema. Após rebater as acusações do então presidente, ele disse de forma irônica: “Conheceis a mentira e a mentira te aprisionará”, em alusão à frase bíblica “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” usada com frequência pelo bolsonarismo.
Deixará a toga
Indicado para o cargo em 2013 pela então presidente Dilma Rousseff (PT), o ministro Luís Roberto Barroso vinha levantando suspeitas de que deixaria a toga desde o começo desta semana. Até que agora, nesta quinta-feira, ele confirmou sua aposentadoria.
Ele presidiu a corte pelos últimos dois anos até que, na semana passada, deu espaço para o ministro Edson Fachin. Pela lei, ele poderia ficar no cargo até 2033, quando completará 75 anos – a idade limite do funcionalismo público.
“Sinto que agora é hora de seguir outros rumos. Nem sequer os tenho bem definidos, mas não tenho qualquer apego ao poder e gostaria de viver um pouco mais da vida que me resta sem a exposição pública, as obrigações e as exigências do cargo”, disse o ministro.
“Fora desta bancada, continuarei a trabalhar por um tempo de paz e fraternidade. E reitero a integridade, a civilidade e a empatia vêm antes da ideologia e das escolhas políticas. O radicalismo é inimigo da verdade”, completou Barroso com a voz embargada.
Em outro trecho, ele afirmou: “Não tenho qualquer apego ao poder e gostaria de viver um pouco mais a vida que me resta, sem as disposições, obrigações e exigências do cargo – com mais literatura e poesia”
A fala foi seguida por aplausos dos colegas. Segundo o próprio ministro, esta foi a sua última sessão plenária. Com a vaga aberta, cabe ao presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicar um novo ocupante para a Casa.
Quem é o ministro Luís Roberto Barroso?
Natural de Vassouras (RJ), Luís Roberto Barroso é formado em direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), mestre pela Universidade Yale, doutor em Direito pela UERJ e pós-doutor pela Harvard Law School. Sua carreira inclui passagens como procurador do Estado do RJ e advogado em casos de grande repercussão.
Em 2013, Barroso tomou posse como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), assumindo a vaga de Carlos Ayres Britto. No STF, destacou-se pela defesa de temas como pesquisa com células-tronco, união homoafetiva, direito ao aborto em caso de feto anencéfalo, uso de linguagem simples no Judiciário e o fortalecimento da presença digital da Corte.
Entre 2020 e 2022, ele presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), defebdebdi a segurança e legitimidade das eleições municipais de 2020 em meio à pandemia de covid-19.
Já de 2023 e 2025, Barroso presidiu o STF, sucedendo Rosa Weber, numa gestão que priorizou pautas como diversidade, combate à desinformação e também marcada pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. A primeira vez na história do Brasil que um ex-chefe de Estado foi condenado por crimes de tentativa de golpe.
Quem escolhe o novo ministro?
A aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), abre caminho para a 11ª indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o cargo de magistrado da Corte, contabilizando os seus três governos.
Atualmente, o STF conta com quatro nomes indicados por Lula: Flavio Dino e Cristiano Zanin, ambos no mandato atual; Cármen Lúcia, em 2006, durante a primeira passagem do petista pelo Planalto; e Dias Toffoli, que assumiu a cadeira em 2009, no segundo mandato.
