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MUNDO

María Corina Machado: quem é a ganhadora do Nobel que luta contra a ditadura da Venezuela

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A líder da oposição Maria Corina Machado gesticula durante um protesto antigovernamental em 9 de janeiro de 2025 em Caracas, Venezuela. Foto: Jesus Vargas/Getty Images

O Prêmio Nobel da Paz de 2025 foi concedido a María Corina Machado, líder da oposição da Venezuela. O Comitê Norueguês do Nobel, que organiza o prêmio, concedeu o prêmio a Machado “por seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.

A líder venezuelana se tornou o símbolo da luta por democracia na Venezuela, dominada pela ditadura de Nicolás Maduro e pela autoproclamada revolução socialista que Hugo Chávez, antecessor de Maduro, iniciou na virada do século.

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Ela uniu e conduziu a oposição venezuelana na eleição presidencial de 2024. Machado e seus apoiadores criaram uma estratégia para burlar o controle chavista sobre as eleições, ao enviar milhares de voluntários para os centros de votação e conseguir as atas eleitorais que provariam a fraude nas urnas da ditadura de Maduro.

A líder da oposição da Venezuela foi elogiada por ser uma “figura-chave e unificadora em uma oposição política que antes era profundamente dividida — uma oposição que encontrou um ponto comum na demanda por eleições livres e governo representativo”, disse Jørgen Watne Frydnes, presidente do comitê norueguês do Nobel.

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Histórico

Em 2023, María Corina Machado venceu as primárias da oposição com mais de 90% dos votos, mas foi impedida de disputar a presidência por decisão da Justiça, alinhada ao chavismo. Ela apoiou Edmundo González, que afirma ter vencido as eleições com 67% dos votos e divulgou as cópias dos registros de votação que corroboram a versão.

Apesar dos esforços da oposição, o chavismo proclamou a vitória de Nicolás Maduro, sem nunca apresentar os dados da votação. O ditador tomou posse para o terceiro mandato consecutivo, garantindo mais seis anos no Palácio de Miraflores. Com isso, pode chegar a 18 anos no poder, se perpetuando por mais tempo que o seu padrinho político Hugo Chávez.

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O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo chavismo, nunca publicou as atas das eleições, uma medida obrigatória e determinada pela legislação eleitoral do país. Os documentos não foram publicados pelo órgão sob a alegação de um ataque hacker. A oposição, liderada por María Corina Machado, denunciou fraude eleitoral e apresentou atas coletadas nos centros de votação que indicavam que o candidato Edmundo González Urrutia foi o verdadeiro vencedor.

Desde então, María Corina está escondida na Venezuela, de onde não quis fugir apesar da perseguição da ditadura chavista. As autoridades venezuelanas já acusaram María Corina de liderar conspirações contra Maduro; quase mil pessoas, incluindo dirigentes muito próximos a ela, foram detidas desde a eleição do ano passado. Machado convocou para “a organização clandestina” todas as estruturas dentro da Venezuela. “Assim como desobedecemos à tirania e os deixamos humilhantemente sozinhos ontem, nos preparamos para a ação cívica no dia em que for necessário.”

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“No último ano, a Sra Machado foi forçada a viver escondida. Apesar das sérias ameaças à sua vida, ela permaneceu no país, uma escolha que inspirou milhões. Quando autoritários tomam o poder, é crucial reconhecer os corajosos defensores da liberdade que se levantam e resistem”, disse Frydnes, presidente do comitê norueguês do Nobel.

Liderança

A engenheira industrial e filha de um magnata do aço começou a desafiar o partido no poder em 2004, quando a ONG que ela co-fundou, Súmate, promoveu um referendo para destituir o então presidente Hugo Chávez. A iniciativa fracassou e Machado e outros executivos da Súmate foram acusados de conspiração.

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Um ano depois, ela atraiu novamente a ira de Chávez e dos seus aliados por viajar a Washington para se encontrar com então presidente dos Estados Unidos George W. Bush na Casa Branca. Chávez considerava Bush um adversário.

Carreira política

Ela entrou formalmente na arena política em 2010, quando foi eleita para um assento na Assembleia Nacional, recebendo mais votos do que qualquer aspirante a legislador. Foi a partir desta posição que ela corajosamente interrompeu Chávez durante um discurso do ex-presidente ao Parlamento, chamando a estatização de empresas de roubo. Chavez respondeu apontando que “uma águia não caça uma mosca”.

Machado é um “símbolo de resistência ao regime”, avalia Michael Shifter, acadêmico e ex-presidente do Diálogo Interamericano, um think tank com sede em Washington. Os seus esforços para desafiar o partido no poder lhe renderam a admiração de muitos eleitores que a veem como o “instrumento para uma transformação na Venezuela”, segundo Shifter.

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A líder opositora de 58 anos e mãe de três filhos, revelou suas aspirações presidenciais dois anos depois. Ela ficou em terceiro lugar na corrida para ser a candidata presidencial da coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD). O ex-governador do estado de Miranda, no norte do país, Henrique Capriles, representou a coalizão de oposição, mas perdeu para Chávez. Quando Chávez morreu de câncer, em março de 2013, Maduro foi empossado como presidente interino e derrotou Capriles nas eleições subsequentes desencadeadas pela morte de Chávez.

Na campanha presidencial do ano passado, o ditador Nicolás Maduro endureceu as críticas a Machado, chamando-a de “velha decrépita da ideologia do ódio e do fascismo” e acusando-a de querer “encher o país de ódio e violência”.

Incapaz de superar a proibição que bloqueava sua candidatura, Machado escolheu inicialmente a filosofa e professora universitária Corina Yoris como sua substituta na votação de domingo, mas ela também foi proibida de se inscrever como candidata. Machado acabou apoiando o ex-diplomata Edmundo Gonzalez Urrutia.

 

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