POLÍTICA
Caso Edmundo Pinto: Arquivos “Perdidos” e dúvidas persistem 30 anos após o crime

São Paulo – Quase três décadas após o assassinato do ex-governador do Acre, Edmundo Pinto, a Polícia Civil de São Paulo informa que os arquivos da investigação desapareceram. O crime, ocorrido em 17 de maio de 1992, no Hotel Della Volpe, em São Paulo, continua envolto em mistério e levanta sérias questões sobre sua motivação.
A informação sobre a perda dos arquivos veio à tona após um pedido de acesso aos documentos investigativos com base na Lei de Acesso à Informação. A Polícia Militar e a Superintendência da Polícia Técnico-Científica informaram que os dados foram encaminhados à Polícia Civil, que, por sua vez, declarou não ter localizado “nenhuma informação ou documento arquivado sobre o caso”.
Latrocínio ou crime político?
Oficialmente, o caso foi tratado como latrocínio (roubo seguido de morte), com três suspeitos presos e posteriormente falecidos na prisão. No entanto, desde o início, uma série de inconsistências alimentam a tese de crime político.
-Contexto Político: Edmundo Pinto foi assassinado dois dias antes de depor na CPI que investigava corrupção nas obras do Canal da Maternidade, financiadas com recursos do FGTS.
-Objetos Roubados: A polícia alegou o roubo de Cr$ 500 mil e US$ 1.500. Críticos apontam que objetos de valor visível não foram levados, o que enfraquece a tese de latrocínio.
-Testemunhos: O ajudante de ordens do governador, hospedado em quarto próximo, não relatou ter ouvido barulhos, apesar de indícios de luta corporal.
-Acusados: Os três acusados foram presos com base no testemunho de um hóspede, mas nunca revelaram quem teria encomendado o crime.
CPI da pistolagem contesta versão oficial
A CPI da Pistolagem, instaurada anos depois, concluiu que o assassinato foi uma execução planejada, com características de crime político. A CPI apontou que o andar do hotel onde o governador estava hospedado também abrigava representantes de uma das construtoras investigadas no escândalo do Canal da Maternidade.
Tratamento do corpo levanta suspeitas
Familiares relatam que o corpo apresentava sinais de violência além dos tiros e foi rapidamente embalsamado e lacrado, impedindo uma análise detalhada dos ferimentos.
Reabertura do caso
Ao longo dos anos, diversos pedidos de reabertura do caso foram feitos. Em 2019, uma série documental da Netflix reacendeu o debate, embora tenha sido criticada por familiares por reforçar a narrativa oficial do latrocínio.
O sumiço dos arquivos da investigação é mais um capítulo desta história complexa e levanta sérias dúvidas sobre a elucidação do caso Edmundo Pinto.
