Gladson Cameli ignora recomendação do MP e mantém nome da avó em maternidade: “Não tiram a bunda da cadeira para conhecer a realidade!”

Rio Branco, Acre – Em um tom desafiador, o governador Gladson Cameli anunciou neste sábado, durante a inauguração de leitos de UTI em Cruzeiro do Sul, que manterá o nome de sua avó, Marieta Cameli, na nova maternidade em construção em Rio Branco, mesmo diante da recomendação contrária do Ministério Público do Acre (MPAc).

O MP havia orientado a Casa Civil a não homenagear Marieta Cameli, mas o governador defendeu a homenagem, ressaltando a história de sua avó como representante de muitas mulheres da Amazônia. Ele relatou que Marieta enfrentou complicações graves após dar à luz a seu pai em um seringal e precisou passar por um procedimento arriscado em Cruzeiro do Sul.

“Ela merece, sim, dar nome à maternidade de Rio Branco, e eu vou manter o nome dela, sim”, enfatizou Cameli, argumentando que há outros prédios no Acre com nomes de parentes de políticos. “Por que não mandam tirar de todos?”, questionou, citando o Hospital Regional de Brasiléia e o Parque de Exposição em Rio Branco.

O governador também criticou a recomendação do MP, convidando o autor a conhecer a realidade da população acreana. “É muito fácil você ficar no gabinete com o ar condicionado, sem tirar a bunda da cadeira, para conhecer a realidade de como vivem milhares e milhares de famílias”, disparou.

A decisão de Cameli gerou polêmica e reacendeu o debate sobre a nomeação de prédios públicos com nomes de familiares de autoridades. O MP advertiu que o descumprimento da recomendação poderá resultar em medidas administrativas e judiciais, incluindo a propositura de Ação Civil Pública por ato de improbidade administrativa.

A Casa Civil tem 15 dias para informar ao MP as medidas adotadas em cumprimento à recomendação. O embate promete novos capítulos e coloca em xeque a autonomia do governo estadual em relação às decisões do Ministério Público.