POLÍTICA
Lula defende ‘intervenções estrangeiras’ e diz que América Latina deve seguir como ‘zona de paz’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta segunda-feira, 20, que o Brasil tem como prioridade preservar a América Latina e o Caribe como “zona de paz” e alertou que “intervenções estrangeiras podem causar danos maiores do que o que se pretende evitar”.
O discurso foi feito no Palácio do Itamaraty, em Brasília, durante a cerimônia de entrega de cartas credenciais a novos embaixadores designados para o Brasil. Entre os diplomatas recebidos estavam os representantes dos Emirados Árabes Unidos, Bélgica, Sudão e Malásia.
Sem citar diretamente os Estados Unidos ou a Venezuela, Lula mencionou que o continente vive um momento de “polarização e instabilidade” e reforçou a necessidade de diálogo e cooperação.
“Na América Latina e no Caribe também vivemos um momento de crescente polarização e instabilidade. Manter a região como zona de paz é nossa prioridade. Somos um continente livre de armas de destruição em massa, sem conflitos étnicos ou religiosos. Intervenções estrangeiras podem causar danos maiores do que o que se pretende evitar”, declarou.
O presidente acrescentou que o objetivo do Brasil é “fortalecer o multilateralismo, que é baseado na boa relação cordial, comercial, econômica, e, sobretudo, uma relação pacífica. Sem ódio, sem negacionismo e sem ferir o princípio básico da democracia e dos direitos humanos. Sejam bem-vindos ao Brasil”.
A cerimônia ocorreu na véspera da viagem de Lula ao continente asiático. O ponto central da agenda será a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), na Malásia, onde está previsto um possível encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Nos bastidores, o governo brasileiro acompanha com cautela o agravamento da crise entre Washington e Caracas. Na semana passada, Trump confirmou ter autorizado a CIA a realizar operações secretas na Venezuela com o objetivo de derrubar o regime de Nicolás Maduro. Além disso, navios americanos foram deslocados para o mar do Caribe sob o argumento de combater o narcotráfico.
Lula pretende argumentar, em eventual conversa com Trump, que uma ação militar contra a Venezuela poderia desestabilizar governos da região e agravar as tensões políticas no continente.
