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Moradores do Papoco rejeitam remoção para o Rosalinda e acusam Prefeitura de Rio Branco de imposição

Rio Branco, Acre – A comunidade do Papoco, um dos bairros mais tradicionais de Rio Branco, manifestou forte resistência à proposta da Prefeitura de remover famílias para a comunidade do Rosalinda. Em entrevista coletiva realizada na manhã desta terça-feira, 21 de outubro de 2025, moradores expressaram indignação e afirmaram que não pretendem deixar suas casas.
Segundo relatos dos moradores, a proposta da Prefeitura, divulgada pelo secretário da SASDH, João Marcos Luz, pegou a comunidade de surpresa. “Fomos surpreendidos por uma reportagem do secretário afirmando que toda a comunidade estava de acordo com a remoção, o que não é verdade”, relatou Eduardo, morador do Papoco.
Os moradores afirmam que a proposta surgiu após um recadastramento realizado pela SASDH sob a alegação de programas sociais. “Na semana seguinte, fomos surpreendidos com essa afirmação do secretário, dizendo que a comunidade teria vontade de sair daqui, o que não é verdade. Fizemos um acordo com o prefeito Bocalom, que prometeu manter o bairro”, pontuou Eduardo.
A comunidade também reclama da falta de infraestrutura e de promessas não cumpridas pela Prefeitura. “As escadarias estão quebradas, a escola Madre Lisandre está abandonada, sendo que prometeram fazer um centro cultural para as crianças. O que a comunidade quer são melhorias no bairro, acessos e trapiches”, desabafou Eduardo.
Os moradores temem ser transferidos para um local com altos índices de violência e criminalidade. “Como que a população daqui vai para outro bairro, como a Cidade do Povo, onde a gente sabe das questões de facções? Quando voltarmos, não teremos mais casa, não teremos mais nada”, questionou Eduardo.
A comunidade também critica a falta de diálogo por parte da Prefeitura. “O mínimo que o secretário poderia ter tido era a sensibilidade de conversar com a comunidade e saber da nossa vontade. O nosso anseio é melhoria no bairro, estamos no centro da cidade, aqui não tem alagação, não tem queda de casa. A Prefeitura quer tirar toda a comunidade sem ao menos conversar conosco”, acrescentou.
O presidente da associação de moradores, Wellington, que reside no bairro há 38 anos, reforçou a indignação da população e garantiu que a comunidade não será removida. “O secretário João Marcos não nos representa e a nossa comunidade não vai ser retirada. Nós moramos aqui há anos, é um bairro histórico, é um bairro bom, no centro da cidade. Eles querem nos levar para longe, e as nossas crianças que estudam aqui perto, e os nossos trabalhadores que trabalham aqui perto?”, questionou Wellington.
A comunidade do Papoco se mostra unida e determinada a resistir à remoção, buscando apoio de outras lideranças e órgãos de defesa dos direitos humanos. A batalha promete ser longa e tensa, com a comunidade disposta a lutar pela permanência em seu território.