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Peru declara estado de emergência em Lima diante de onda de criminalidade e protestos

Lima, Peru – O presidente do Peru, José Jerí, decretou estado de emergência por 30 dias em Lima, a capital do país, com o objetivo de conter o aumento da criminalidade e a violência que têm assolado a cidade. A medida, anunciada na terça-feira (21), entrou em vigor à meia-noite (horário local).
A decisão de Jerí surge em meio a crescentes protestos liderados pela “Geração Z”, intensificados após a morte do rapper Trvko durante uma manifestação na última semana. Os jovens manifestantes exigem ações efetivas contra a criminalidade, a renúncia do presidente interino, o fechamento do Congresso e a convocação de uma assembleia constituinte para elaborar uma nova Constituição.
As manifestações recentes, organizadas através das redes sociais, culminaram em confrontos na Praça San Martín, onde jovens incendiaram barricadas e lançaram coquetéis molotov contra a polícia. A morte do rapper Eduardo Ruiz Sanz, conhecido como Trvko, baleado por um policial durante os protestos, gerou forte comoção e críticas ao governo de Jerí.
Em resposta, a polícia utilizou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar a multidão. Jerí informou que ao menos 55 policiais e 20 civis ficaram feridos, e dez pessoas foram presas. Em uma publicação nas redes sociais, o presidente expressou condolências à família do rapper e prometeu uma investigação transparente sobre o incidente.
A crise política no Peru se intensificou após o impeachment da ex-presidente Dina Boluarte, acusada de “incapacidade moral”. Jerí assumiu o cargo interinamente e prometeu um governo de reconciliação e combate ao crime. No entanto, as manifestações da “Geração Z” revelam um descontentamento generalizado com a classe política, a corrupção, a insegurança econômica e o aumento da criminalidade no país.
As manifestações da juventude peruana ganharam força após uma reforma no sistema de aposentadoria, que obrigaria todos os peruanos acima de 18 anos a aderir a um provedor de pensão. A insatisfação com Boluarte e o Congresso, somada a escândalos de corrupção e insegurança, impulsionaram os protestos.
Jerí, de 38 anos e membro do partido conservador Somos Peru, será o sétimo presidente do país desde 2016. As próximas eleições estão marcadas para abril de 2026. Em seu discurso de posse, Jerí prometeu defender a soberania do Peru e entregar o poder ao vencedor das eleições.
O estado de emergência em Lima visa restabelecer a ordem e a segurança na capital peruana, permitindo que as forças de segurança atuem com maior rigor para combater a criminalidade e conter os protestos. No entanto, a medida também levanta preocupações sobre a liberdade de expressão e o direito de manifestação da população.